Na sequência da invasão da cidade de Gaza pelas forças israelistas e da confirmação pela ONU do que há muito se previa – o estado de fome que a população enfrenta e que já provocou centenas de mortes -, a Caritas Internationalis publicou uma declaração dando conta do “horror” que as suas equipas estão a “testemunhar” no terreno, e a apelar veementemente “a todas as pessoas de fé e consciência” para “levantarem a voz, pressionarem os seus governos e exigirem justiça”.

“A 22 de agosto, as Nações Unidas declararam o estado de fome. Por esta altura, o mal já estava feito: 273 pessoas já tinham morrido de fome, incluindo 112 crianças. A declaração não foi um alerta, mas uma confirmação sombria do que as organizações humanitárias têm vindo a dizer há meses: os habitantes de Gaza sofrem há muito uma queda deliberada rumo à fome”, pode ler-se na declaração divulgada esta segunda-feira, 25, no sítio da organização de solidariedade católica.

A Caritas Internationalis faz questão de esclarecer: “Este não é um acidente trágico. É o resultado de escolhas calculadas. Uma população desprovida de abrigo, sustento e segurança foi deixada a perecer à vista de todos. Isto não é guerra. É a destruição sistemática da vida civil”.

E especificamente em relação à fome, “não é um desastre natural, mas o resultado de uma estratégia deliberada: bloqueio de ajuda, bombardeamento de comboios de alimentos, destruição de infraestruturas e negação de necessidades básicas”, destaca o texto.

O cerco de Gaza tornou-se, assim, “um mecanismo de aniquilação”, que está a ser “sustentado pela impunidade e pelo silêncio, ou cumplicidade, de nações poderosas”, lamenta a Caritas Internationalis, apontando o dedo a “Governos influentes, empresas e multinacionais”, que “tornaram possível esta catástrofe através de apoio militar, ajuda financeira e cobertura diplomática”. “O seu silêncio não é neutralidade, é apoio”, afirma.

Quanto à comunidade internacional, apenas “oferece declarações vazias e banalidades vazias”, lamenta ainda a instituição, explicando que “estes padrões duplos servem apenas para ganhar tempo para mais destruição”.

“A fome em Gaza”, acrescenta o texto, “é um teste de integridade moral, e demasiados falharam. Matar uma população à fome é profanar a vida. Permanecer em silêncio é ser cúmplice.”

Por isso, conclui a declaração, “a Cáritas Internationalis vê em Gaza um ataque deliberado à dignidade humana e o colapso da ordem moral, uma falha de liderança, de responsabilidade e da própria humanidade”.

E termina com 12 “exigências” de ações concretas, numa lista que é encabeçada pelo “cessar-fogo imediato e permanente”, pelo “acesso humanitário irrestrito para acabar com a fome e prestar assistência” e pela “libertação de todos os reféns e pessoas detidas arbitrariamente”.

Porque “o mundo está a observar. A história está a registar. E Gaza espera, não por palavras, mas por salvação”.

 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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