Em uma ação inédita, o Exército de Israel afirmou nesta terça-feira (9) ter realizado um ataque direcionado contra a alta liderança do Hamas no Qatar. Várias explosões foram ouvidas na capital, Doha.

O ataque teve como alvo dirigentes do grupo terrorista que participam das negociações indiretas para encerrar o conflito na Faixa Gaza – o Hamas mantém sua base política no Qatar.

Ainda não há informações oficiais sobre vítimas ou sobre o impacto imediato nas conversas em andamento.

Segundo a mídia israelense, duas pessoas morreram, mas líderes do alto escalão do Hamas não teriam sido atingidos. Os relatórios identificam os mortos como Himam al-Hayya, filho do principal negociador do grupo, Khalil al-Hayya, e Jihad Labad, que atuava com al-Hayya.

Em maio, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, havia prometido que al-Hayya seria morto. Tel aviv matou vários líderes importantes do grupo desde o início do conflito.

O ataque desta terça teria atingido alojamento dos membros do grupo terrorista que estavam envolvidos nas negociações de cessar-fogo, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Majed Al Ansari.

O Qatar tem atuado como mediador para tentar encerrar a guerra que completa quase dois anos. Em um post nas redes sociais, Al Ansari chamou a ofensiva de “covarde” e “criminosa”.

Ele afirmou que o Qatar “não tolerará esse comportamento irresponsável de Israel e a contínua desestabilização da segurança regional, nem qualquer ato que ameace sua segurança e soberania”. O país abriu uma investigação e disse que o ataque é uma “violação flagrante do direito internacional”.

O Qatar não mantém relações diplomáticas oficiais com Israel, mas era visto como um país amistoso no Oriente Médio – por isso, o governo de Binyamin Netanyahu aceitou que Doha fosse sede para as negociações indiretas de um acordo de cessar-fogo.

Com o ataque, os esforços diplomáticos podem cair por terra.

Segundo a emissora Al Jazeera, que citou um funcionário do Hamas, a delegação foi atingida durante uma reunião de negociação do cessar-fogo. De acordo com a mídia israelense, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria dado sinal verde a Israel.

Testemunhas da Reuters relataram ter ouvido várias explosões na capital do país e um morador afirmou ter visto fumaça subindo sobre o distrito de Katara.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou que o ataque é “uma flagrante violação da soberania” do Qatar. O papa Leão 14 expressou preocupação e disse que “toda a situação é muito grave”.

O ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes, Abdullah bin Zayed, afirmou em um post no X que presta “solidariedade ao querido Qatar”. Já o chanceler da Jordânia, Ayman Safadi condenou de maneira mais firme a ofensiva.

A Arábia Saudita emitiu um comunicado chamando o ataque de “ato criminoso” e declarando que está “mobilizando todas as suas capacidades” para apoiar o Qatar

Além da questão diplomática, a ofensiva poderia afetar a imagem qatari, que se apresenta como um lugar seguro para negócios e turismo em uma região de instabilidade política.

Em junho, o país do Golfo já havia sido alvo de um ataque mísseis lançado pelo Irã contra uma base aérea americana no país, em resposta ao envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito entre Teerã e Tel Aviv. Na ocasião, Trump bombardeou as três principais usinas do programa nuclear do país persa e costurou um acordo de cessar-fogo após 12 dias de conflito.

O ataque ao Qatar ocorre logo após ala militar do Hamas, chamada de Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, assumir a autoria de um atentado em Jerusalém que matou seis e feirou 11 pessoas nesta segunda-feira (8).

Em resposta, Israel prometeu revidar. Netanyahu afirmou que os moradores da Cidade de Gaza precisam sair imediatamente – Tel Aviv vem intensificando sua ofensiva para ocupar a capital do território palestino.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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