Leticia H. Pabis
Na manhã de quinta-feira (24), a Secretaria de Saúde de Irati, por meio da Coordenação de Educação Permanente, realizou uma simulação de acidente com múltiplas vítimas (AMuVi) como parte do plano municipal de qualificação das equipes de emergência. O exercício integrou o cronograma de Educação Permanente e mobilizou diversos órgãos públicos e privados. A montagem do cenário iniciou ainda cedo e envolveu a interdição parcial da Rua Coronel Grácia, no trecho que cruza a linha férrea, próximo ao Clube Polonês.
O acidente simulado foi registrado às 10h30. O cenário envolvia a colisão entre um trem de carga da empresa Rumo, um ônibus escolar, um carro de passeio e uma motocicleta, resultando em 12 vítimas fictícias, cada uma representando diferentes níveis de gravidade conforme o protocolo START.
A primeira equipe a chegar ao local foi o Corpo de Bombeiros, acionado via COBOM com sirene no quartel e deslocamento imediato até o ponto do acidente, e o registro de chegada aconteceu poucos minutos após o disparo do chamado. Em seguida, oito minutos depois, chegaram a primeira ambulância do SAMU e a ambulância municipal, que também compôs a resposta inicial. A equipe da Via Araucária completou o atendimento de campo, chegando ao local do simulado doze minutos após os Bombeiros.
Durante o processo, uma falha de comunicação no sistema interno do SAMU gerou atraso na chegada da segunda equipe da instituição. Ao perceberem a ausência de reforço, os profissionais da primeira equipe realizaram manualmente o acionamento da equipe de apoio, com novo chamado feito às 10h50. O incidente serviu de alerta para os riscos reais em situações semelhantes, nos quais atrasos na regulação e envio de unidades podem impactar diretamente o desfecho do atendimento.
As vítimas foram maquiadas com sangue, hematomas e ferimentos para deixar o simulado ainda mais realista, seguindo classificação por cores: três em vermelho (estado grave e risco iminente de morte), três em amarelo (lesões de gravidade intermediária), cinco em verde (lesões leves) e uma vítima preta (óbito simulado).
A estrutura do atendimento incluiu comandos de cena, triagem no local, estabilização e transporte para unidades hospitalares. A Santa Casa de Irati e Pronto Atendimento Municipal receberam as vítimas simuladas, com fluxo previamente alinhado com as equipes internas das instituições.
Na coordenação da simulação estiveram profissionais da Secretaria de Saúde, como a enfermeira Emanueli Mazur Ianoski Neuls e o coordenador Kauan Eduardo Pereira Wachols, que explicam a importância do treinamento para o preparo das equipes locais.
Ambos os protocolos adotados foram voltados ao atendimento pré-hospitalar de emergência. “Isso mostra que a integração entre as forças faz muita diferença. A união realmente faz a força nesse tipo de situação, pra salvar o maior número possível de pessoas. Esse foi o nosso primeiro objetivo, né? E aplicar o que há de mais consolidado na literatura mundial sobre atendimento pré-hospitalar em situações como essa. E qual é esse método? O método START, que está descrito na literatura do PHTLS, mostrando como realizar esse tipo de atendimento da forma mais técnica possível, justamente pra salvar o maior número de vidas”, disse Kauan.
A simulação também testou a integração entre diferentes instituições e secretarias: Corpo de Bombeiros, SAMU, SF Resgate, Via Araucária, Guarda Municipal, IRATRAN, Defesa Civil, Santa Casa, Pronto Atendimento, Polícia Militar e diversas pastas da Prefeitura de Irati.

“A gente, do Corpo de Bombeiros, recebeu um chamado, participamos desde o início da simulação. Estávamos aqui no quartel, como a guarnição normalmente fica, quando o COBOM foi acionado, ligaram para o 193, e ele nos chama através da sirene. A gente desce, pergunta qual é a ocorrência, quais são as possíveis informações que já têm, e já sai pro atendimento. Durante a ocorrência, se houver mais ligações, a gente vai recebendo e complementando as informações do local. Mas, desde o início, esse acionamento já é importante pra sabermos que tipo de apoio pedir e quem chamar”, relatou a Aspirante Yamashita, da 6ª Companhia Independente do Corpo de Bombeiros Militar.
O exercício foi avaliado em uma reunião técnica, o hotwash, realizada logo após a ação. O objetivo é identificar falhas operacionais e buscar soluções para situações de emergência reais. A atividade também contou com participação de voluntários, que atuaram como vítimas fictícias, como Mateus Matos Batista e Gustavo Henrique Pereira Wachols. A encenação exigiu esforço físico e emocional dos participantes, que relataram ter vivenciado a tensão típica de uma situação de emergência.
Ainda, a vice-prefeita de Irati, dra. Larissa Mazepa, que atua como médica no SAMU, também esteve no local e reforçou a importância de ações como essa para o planejamento de contingência municipal. Segundo ela, “a nossa estrutura precisa estar preparada para oferecer um atendimento de qualidade às vítimas. Isso faz muita diferença no pós, porque, quando o atendimento é bem feito, têm muito mais chance de evolução positiva no pós-trauma”.
