O afundamento acelerado do solo no Irã causado pela extração de água subterrânea ameaça cidades e a agricultura. Um desastre ambiental irreversível se aproxima.

Um drama oculto sob o solo iraniano

No coração do Oriente Médio, o Irã enfrenta uma crise ambiental de proporções alarmantes: a superfície terrestre de uma vasta região está afundando a uma média de 30 cm por ano, com áreas específicas chegando a mais de 34 cm anuais. Esse fenômeno, conhecido como subsidência, é causado principalmente pela extração desenfreada de água subterrânea. Cientistas alertam que, se esse ritmo continuar, o solo pode ceder até 3 ou 4 metros nas próximas décadas, ameaçando milhares de pessoas e cidades inteiras.




O afundamento acelerado do solo no Irã causado pela extração de água subterrânea.

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons / Portal de Prefeitura

Por que o solo está cedendo?

Cerca de 60% do abastecimento hídrico iraniano vem de aquíferos subterrâneos, sobretudo abastecendo a agricultura intensiva do país, especialmente a produção de pistache. Essa exploração excessiva combinada com uma seca persistente faz com que as reservas de água se esgotem rapidamente, provocando o colapso das estruturas que sustentam o solo. Uma analogia feita por pesquisadores compara os aquíferos a um “balde de areia e lama”: ao ser retirado o líquido que preenche os espaços, as partículas se comprimem e o terreno afunda.

Áreas e impactos mais críticos

Estudos recentes com imagens de satélite revelam que mais de 31 mil km² do território iraniano apresentam subsidência acelerada. Regiões agrícolas respondem por 77% dos casos, sendo que cidades como Teerã, Rafsanjan, Isfahan, Shiraz e Karaj enfrentam declínios preocupantes no nível do solo, que abalam infraestruturas e forçam populações a deixarem suas casas.

Riscos para infraestrutura e moradores

O afundamento do solo gera fissuras, rachaduras e instabilidade, danificando edifícios, estradas e ferrovias. Em alguns locais, como perto de aeroportos e áreas urbanas densas, a sustentação da superfície está comprometida, elevando os riscos para a segurança de milhões de habitantes. Carros são engolidos pela terra e grandes crateras impactam a vida cotidiana.

A insegurança alimentar agravada

A agricultura iraniana, sobretudo a irrigação de culturas como o pistache, depende diretamente dessas reservas subterrâneas. A subsidência está estrangulando essa base produtiva, ameaçando a segurança alimentar local e regional. Já há prejuízos econômicos e sociais consideráveis com a redução da produção e o deslocamento de comunidades rurais.

O que os especialistas dizem

Jessica Payne, pesquisadora principal da Universidade de Leeds, destaca que a maior parte desse processo é irreversível. Mesmo com futuras chuvas, os aquíferos não voltarão ao nível original, tornando a crise uma ameaça permanente à sustentabilidade hídrica e territorial do Irã.

Política e falta de gestão eficaz

Relatórios apontam que, apesar da gravidade do problema, o governo iraniano ainda não implementou uma política coerente e efetiva para controlar a extração de água subterrânea. O uso indiscriminado de poços ilegais e a ausência de uma gestão integrada agravam uma situação que já é de emergência.

O alerta global

O desastre no Irã serve como um case de alerta mundial sobre o manejo irresponsável de recursos hídricos e seus impactos físicos e sociais. A crise local reflete um desafio que se repete em diversas partes do globo, agravado pelas mudanças climáticas e pelo uso insustentável da água.

Possíveis soluções ou saídas?

Enquanto estudos indicam que a recarga artificial dos aquíferos pode ajudar, a principal recomendação é a redução imediata da demanda de água, com políticas que incentivem a conservação e o uso racional, além do envolvimento das comunidades locais na gestão dos recursos hídricos.

Um chamado à ação urgente

À medida que o solo continua a ceder, o tempo para evitar um colapso irreversível se esgota. O futuro do Irã depende da conscientização nacional e internacional para implementar medidas que protejam os recursos naturais vitais, evitando um desastre que pode deixar marcas profundas para décadas.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *