A menos de um mês das eleições legislativas na Argentina, uma investigação realizada nos Estados Unidos expôs os vínculos do economista e deputado José Luis Espert, o principal candidato do presidente Javier Milei e de seu partido La Libertad Avanza, com operações de narcotráfico e lavagem de dinheiro.
Segundo reportagem da argentina Página 12, Espert acumula “mais casos e escândalos do que propostas”, em meio a uma trajetória marcada por trocas de partidos e explosões públicas. Seu nome consta em documentos incorporados à investigação que corre na vara criminal do Distrito Judicial Leste do Texas.
Segundo a investigação, o deputado da extrema-direita recebeu uma transferência de 200 mil dólares, em fevereiro de 2020, proveniente da empresa Aircraft Guarantee Corporation, administrada por Federico “Fred” Machado, que está em prisão domiciliar desde 2021 na Argentina.
Machado foi condenado por crimes ligados ao narcotráfico e contra ele corre um pedido de extradição para os Estados Unidos, por integrar “uma conspiração para produzir e distribuir cocaína”. Ele também é acusado de fraude e lavagem de dinheiro.
Segundo os autos, Espert teria se beneficiado diretamente das operações ilícitas de Machado e comprado, após a transferência do dinheiro, um BMW de 90 mil dólares e uma mansão em Beccar, ao norte da área metropolitana de Buenos Aires.
Patrimônio
Entre 2022 e 2024, o patrimônio do parlamentar se multiplicou em 789%, alimentando as suspeitas sobre a origem dos recursos. Suas ligações com Machado também foram apresentadas por advogados ligados aos dirigentes Juan Grabois e o deputado Rodolfo Tailhade. Eles pedem que o candidato seja investigado pelos tribunais federais.

Investigação nos EUA expõe relação de José Luis Espert, principal candidato de Milei, com narcotráfico
@jlespert / X
Em 2019, durante sua campanha presidencial, Espert viajou em um avião privado de propriedade de Machado, também proprietário da South Aviation, com sede na Flórida. Após a condenação do traficante em 2021, surgiram denúncias de que Espert teria utilizado seus jatos e veículos.
Segundo as autoridades norte-americanas, Machado servia ao cartel de Sinaloa e comprava, através de operações fraudulentas, aviões registrados em nomes falsos para transportar cocaína para os Estados Unidos. Mais de 1.500 quilos de cocaína foram encontradas em um avião abandonado no México e uma carga de 2,5 toneladas interceptada na Guatemala.
Machado é acusado de fraudes superiores a 250 milhões de dólares e é defendido na Argentina pelo advogado Francisco Oneto, que também atende Milei no caso da fraude cripto “Libra”. Neste caso, aliás, o nome de Espert também aparece. Ele foi um dos que recomendaram publicamente a compra da moeda envolvida no escândalo de manipulação dos preços.