A intoxicação alimentar afeta milhões de pessoas em todo o mundo todos os anos, e o risco aumenta durante o período de Natal. Grandes refeições em família, aves cruas, geladeiras cheias e buffets aumentam as chances de contaminação.
No Reino Unido, as causas bacterianas mais comuns de intoxicação alimentar são a campylobacter e a salmonella, ambas frequentemente encontradas em aves cruas.
Embora a maioria dos casos de intoxicação alimentar seja leve e desapareça por conta própria, eles podem ser graves para grupos vulneráveis. Isso inclui crianças muito pequenas, idosos, gestantes e pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Os sintomas podem incluir náuseas, vômitos, febre, diarreia e uma sensação geral de mal-estar.
Embora não existam estatísticas publicadas especificamente para intoxicação alimentar no Natal no Reino Unido, o país registra mais de 2,4 milhões de casos de intoxicação alimentar todos os anos. As agências de saúde pública observam consistentemente um aumento sazonal nos casos durante o período festivo, que se acredita estar relacionado com a preparação generalizada de aves, como o peru.
Então, o que há no Natal que o torna uma época do ano tão arriscada? Veja a seguir um olhar mais atento sobre os hábitos alimentares festivos que aumentam o risco de intoxicação alimentar e como evitá-los.
Não verificar as datas de validade
Verificar as datas de validade é especialmente importante no Natal, quando as geladeiras costumam estar cheias e os alimentos são comprados com bastante antecedência. Os alimentos rotulados como “consumir até” são altamente perecíveis e devem ser armazenados corretamente na geladeira e consumidos dentro do prazo indicado para evitar o crescimento de bactérias.
Mesmo que o alimento ainda esteja dentro do prazo de validade, ele não deve ser consumido se a embalagem estiver inchada ou se o alimento tiver um cheiro ou aparência incomuns quando aberto. Esses são sinais de possível contaminação bacteriana ou fúngica, e é mais seguro jogar o alimento fora.
Descongelar aves congeladas ou lavá-las
Aves congeladas de grande porte, como perus, podem levar vários dias para descongelar completamente na geladeira. Cozinhar aves que não estão completamente descongeladas pode resultar em um cozimento desigual, permitindo que as bactérias sobrevivam no centro da carne.
Lavar aves cruas antes de cozinhar é desnecessário e aumenta o risco de intoxicação alimentar. As aves vendidas em supermercados e açougues já vêm limpas. Lavá-las pode espalhar bactérias como campylobacter e salmonella em pias, superfícies de trabalho, mãos, roupas e alimentos próximos, levando à contaminação cruzada.
Cozinhar mal a sua ceia de Natal
As aves podem conter bactérias em toda a carne, não apenas na superfície, por isso toda a ave deve ser bem cozida para torná-la segura para consumo.
Siga sempre as instruções de cozimento na embalagem. Esses tempos de cozimento geralmente se baseiam em aves sem recheio. Aves cozidas com recheio dentro da cavidade geralmente levam mais tempo, e o calor pode não atingir o centro adequadamente, permitindo que as bactérias sobrevivam.
A única maneira de tornar as aves seguras é cozinhando-as completamente. Usar um termômetro para alimentos pode ajudar. As aves são seguras para consumo quando a parte mais grossa atinge pelo menos 75 °C, uma temperatura que mata eficazmente as bactérias causadoras de intoxicação alimentar.
Por esse motivo, é muito mais seguro cozinhar o recheio em um prato separado, em vez de dentro da ave.
Lavagem das mãos e higiene na cozinha
É essencial manter uma boa higiene ao preparar carne crua, aves, peixe ou vegetais.
Após manusear alimentos crus, lave bem as mãos com água e sabão. Limpe e desinfete tábuas de corte, facas e superfícies de trabalho para evitar a contaminação cruzada.
Não prepare alimentos para outras pessoas se estiver com vômitos ou diarreia, especialmente se forem causados por vírus altamente contagiosos, como norovírus ou rotavírus.
Armazenamento incorreto das sobras do Natal
As bactérias causadoras de intoxicação alimentar estão presentes em todos os lugares, incluindo cozinhas e alimentos frescos. A refrigeração retarda o seu crescimento, mas apenas se a temperatura do frigorífico se mantiver entre 0 e 5 °C.
No Natal, os frigoríficos ficam frequentemente sobrecarregados, o que pode aumentar a temperatura interna e permitir a multiplicação das bactérias. Evite armazenar alimentos que não necessitem de refrigeração no frigorífico.
As sobras devem ser resfriadas, cobertas e refrigeradas em até duas horas. À temperatura ambiente, algumas bactérias podem dobrar de número a cada 20 minutos. As sobras devem ser consumidas em até dois dias.
Se não puder comer as sobras dentro desse prazo, congele-as. Quando armazenadas a -18 °C, elas podem ser mantidas em segurança por até três meses.
Jantares de Natal fora de casa e buffets de festas
Cerca de 60% dos casos de intoxicação alimentar no Reino Unido estão relacionados a alimentos consumidos fora de casa.
Mesmo em restaurantes com altas classificações de higiene, os alimentos ainda podem estar expostos à contaminação por pessoas, insetos ou o ambiente.
Os buffets apresentam riscos específicos, pois os alimentos perecíveis podem ficar expostos por muito tempo.
Os alimentos não devem ser deixados fora da geladeira por mais de duas horas, a menos que sejam refrigerados ou, no caso de alimentos quentes, mantidos acima de 60 °C. Se você levar para casa sobras do bufê, refrigere-as imediatamente e reaqueça-as até ficarem bem quentes antes de comer.
Seguir estas dicas de segurança alimentar pode ajudar a reduzir o risco de intoxicação alimentar neste Natal. Além dos riscos relacionados com os alimentos, a St John Ambulance destacou uma série de outros acidentes festivos a ter em conta.
Espero que você tenha um feriado feliz, saudável e seguro.
Feliz Natal.
Primrose Freestone não presta consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.
