Conflito em Caarapó reacende disputa por terra e provoca troca de notas públicas entre grupos

Incêndio na manhã deste sábado (25) na Fazenda Ipuitã, em Caarapó, reacendeu o conflito entre indígenas Guarani e Kaiowá e produtores rurais da região. A PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) informou que foi acionada para “restaurar a ordem pública e garantir a segurança de pessoas e propriedades” após a ocupação da fazenda. A comunidade Guyraroká afirma que a ação foi resposta à contaminação por agrotóxicos e ao sequestro de uma jovem indígena de 17 anos, supostamente cometido por funcionários da propriedade.

Um incêndio na Fazenda Ipuitã, em Caarapó, Mato Grosso do Sul, intensificou o conflito entre indígenas Guarani e Kaiowá e produtores rurais. O Sindicato Rural local alega invasão armada por cerca de 50 indígenas, que teriam expulsado o caseiro e incendiado parte da área produtiva.A comunidade indígena Guyraroká, por meio da Aty Guasu, nega as acusações e afirma que a ação foi uma retomada pacífica de território ancestral, motivada pela contaminação por agrotóxicos e pelo suposto sequestro de uma jovem indígena de 17 anos. O Ministério dos Povos Indígenas acompanha o caso.

O Sindicato Rural de Caarapó, presidido por Carlos Eduardo Macedo Marquez, conhecido como Cacá, divulgou nota classificando o episódio como “ato de invasão e incêndio criminoso” em uma área produtiva do município. O texto afirma que “cerca de 50 indígenas armados invadiram a fazenda, expulsaram o caseiro e incendiaram parte da área produtiva, atingindo maquinários e plantações”. A entidade disse ainda que “a violência, a destruição e a invasão não são caminhos legítimos para qualquer reivindicação” e declarou acompanhar o caso junto às autoridades para que “a ordem seja restabelecida e os responsáveis sejam responsabilizados”.

Em resposta, a Aty Guasu Guarani e Kaiowá publicou nota assinada pelas lideranças do povo indígena, negando qualquer invasão armada. O documento afirma que “não houve invasão armada, mas sim uma retomada legítima e pacífica de território ancestral, reconhecido oficialmente pelo Estado brasileiro desde 2011”. A organização acusa o Sindicato de “tentar criminalizar nossas comunidades e espalhar desinformação sobre a retomada da Terra Indígena Guyraroká”.

A Aty Guasu também repudiou “o discurso de ódio e racismo que se espalhou nas redes sociais após a publicação do Sindicato, com comentários incitando violência e extermínio contra indígenas”. Segundo o texto, essas falas “configuram crimes de racismo e incitação à violência”, e as lideranças exigem que “as autoridades investiguem e responsabilizem os autores”. A entidade reforçou que “nossa luta é pela vida, pela terra e pelo respeito” e pediu apoio da sociedade civil, do MPF (Ministério Público Federal), da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da DPU (Defensoria Pública da União) para garantir a segurança das famílias diante do “clima de ódio e ameaças que se intensificam em Caarapó”.

O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), que acompanha o caso, afirmou que o conflito começou por volta das 4h da manhã, quando indígenas ocuparam a fazenda e incendiaram parte da área. A entidade disse que a jovem indígena foi “resgatada na sede da fazenda” e que, revoltados, os Guarani e Kaiowá “decidiram não mais sair do local”. A nota da PM não menciona o sequestro, mas confirmou o envio de equipes da PM e do Corpo de Bombeiros “para restabelecer a tranquilidade diante da situação de risco à segurança das pessoas e à ordem pública”.

Segundo o CIMI, o proprietário cultiva até o limite da Terra Indígena Guyraroká, onde vivem famílias com crianças e idosos, e o uso de agrotóxicos na área motivou diversas denúncias. A entidade afirma que a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) já concedeu medida cautelar em favor da comunidade. O MPI (Ministério dos Povos Indígenas) informou, por meio do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, que acompanha a situação “em contato com as lideranças locais para assegurar o registro de denúncias, o mapeamento dos impactos e a proposição de soluções eficazes”.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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