Os bombeiros de Hong Kong concluíram nesta sexta-feira (28) as operações de combate ao incêndio que deixou pelo menos 128 mortos em um complexo residencial, o pior desastre do tipo na cidade em décadas, informou o governo local. Segundo um porta-voz, as chamas estavam “amplamente extintas” às 10h18 no horário local e o trabalho de contenção havia sido finalizado. No horário de Brasília, isso corresponde às 23h18 da noite anterior.
As autoridades elevaram o número de vítimas para 128 na noite de quinta-feira, incluindo um bombeiro. Ainda há pessoas desaparecidas. O incêndio, o mais grave desde 1948, provocou grande comoção na região administrativa especial chinesa e expôs vulnerabilidades ligadas à alta densidade populacional. A tragédia também motivou uma revisão das práticas de construção e o início de uma investigação sobre possível corrupção.
Moradores do conjunto habitacional, que possui quase duas mil unidades e foi inaugurado em 1983 no distrito de Tai Po, no norte de Hong Kong, disseram à AFP que não ouviram alarmes e que precisaram bater nas portas dos vizinhos para alertá-los. “O fogo se espalhou muito rápido”, contou um morador identificado como Suen. “Tocávamos a campainha e batíamos nas portas mandando o pessoal correr. Foi assim que aconteceu.”
A polícia prendeu três homens suspeitos de “negligência grosseira” depois que materiais inflamáveis deixados para trás durante obras foram encontrados no local. O vento forte teria facilitado a propagação das chamas. A participação exata dos detidos no início do incêndio ainda está sendo investigada.
O chefe do Executivo, John Lee Ka-chiu, anunciou que todos os grandes projetos de renovação urbana da cidade serão inspecionados. Já o secretário-chefe do governo, Eric Chan, afirmou ser essencial acelerar a substituição completa dos tradicionais andaimes de bambu por estruturas metálicas, ainda muito comuns em Hong Kong.
O incêndio também levanta dúvidas sobre a concessão e a execução de contratos de construção. A Comissão Independente de Combate à Corrupção informou que, diante da indignação pública, foi criada uma força-tarefa para investigar possíveis atos de corrupção no projeto de reforma do Wang Fuk Court, em Tai Po.
A Hong Kong Horse Racing Corporation, instituição centenária, anunciou que as corridas de domingo em Sha Tin serão realizadas sem público e que os jóqueis usarão braçadeiras pretas em sinal de luto.
Com 7,5 milhões de habitantes e uma média de mais de 7.100 pessoas por quilômetro quadrado, Hong Kong está entre as regiões mais densamente povoadas do mundo. Nas áreas mais urbanizadas, essa densidade pode triplicar. Por causa da limitação territorial, a cidade concentra dezenas de torres residenciais, algumas com mais de 50 andares.
