O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, afirmou neste domingo (26) que o Hospital Santa Rita é seguro e orientou os pacientes oncológicos a não interromperem seus tratamentos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) investiga uma contaminação de funcionários do hospital, em Vitória.
A investigação acontece após a internação de funcionários da instituição na última semana, que, segundo o hospital, apresentaram sintomas com “alterações radiológicas sugestivas de pneumonia” na última semana.
Na manhã deste domingo, o secretário e uma equipe da Sesa se reuniram com a diretoria do Hospital Santa Rita para definir ações para os próximos dias.
Esse aqui é um hospital de referência para o tratamento de oncologia na Região Metropolitana, para todo o Estado. E tem pacientes que fazem um acompanhamento do seu problema ambulatorial aqui. Então, esses pacientes precisam vir para dar continuidade aos seus tratamentos, porque senão eles podem ter seu problema eventualmente agravado.”
Tyago Hoffmann, secretário estadual de Saúde
O secretário salientou que uma equipe da Sesa atua permanentemente dentro do hospital e que todos os cuidados estão sendo tomados.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Hoffmann afirmou que o hospital é seguro.
Veja o vídeo:
Novos casos suspeitos são investigados
A Sesa informou que 12 acompanhantes de pacientes que passaram pelo setor afetado pela contaminação apresentaram sintomas, estão sendo acompanhados e são considerados casos suspeitos.
A Sesa também atualizou o número de funcionários confirmados dentro do que chama de vínculo epidemiológico. Mais sete trabalhadores foram confirmados com a infecção, totalizando 33 funcionários afetados.
Desses 33, oito permanecem internados, três deles em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). “Dos três que se encontram em UTI, dois estão evoluindo muito bem e podem, se continuarem evoluindo como estão, ter alta nos próximos dias da UTI. Uma encontra-se em estado mais grave. É uma técnica de enfermagem de 48 anos que está aqui no Hospital Santa Rita”, informou Tyago Hoffmann.
A médica infectologista Carolina Salume, coordenadora do Serviço de Infectologia e membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, detalhou a situação de saúde da funcionária.
“De ontem para hoje, ela teve uma melhora, mas não quer dizer que ela já está evoluindo para desmame ventilatório; ela segue intubada, segue grave”, reforçou a médica.


Origem da infecção
A Sesa e o hospital ainda tentam entender a origem dessa contaminação. Todos os casos confirmados no vínculo epidemiológico são de funcionários que trabalhavam no setor “E”, que, segundo a Sesa e o hospital, atendia exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A ala é uma enfermaria que abriga em torno de 40 leitos clínicos e leitos cirúrgicos.
Hoffmann esclareceu que não há prazo para finalização da investigação. A principal suspeita é de que se trate de uma contaminação ambiental, que pode ter sido causada por água, pelo ar-condicionado ou pelo contato com superfícies. O Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Espirito Santo (Lacen/ES) recolheu amostras da água, das superfícies e do ar-condicionado.
Dos pacientes, foram recolhidas amostras de sangue, urina e exames de imagem. Segundo o secretário, foram descartados os principais vírus respiratórios e o vírus da covid-19, portanto essas doenças já foram descartadas. Mas alguns tipos de vírus ainda estão em investigação, assim como bactérias e fungos.
Carolina Salume explicou como foram identificados os primeiros casos e de que forma o hospital percebeu que se tratava de um caso de contaminação coletiva.
“Os primeiros casos começaram a chegar na sexta (17) e no sábado (18). Eram casos que chegavam com febre, dor no corpo, dor de cabeça, prostração e, lá para o quarto dia, mais ou menos, de doença, apresentaram tosse e alguns casos de dor torácica. Quando a gente recebeu os casos isolados, a gente pensava que era uma pneumonia comum, um quadro viral, alguma coisa assim”, disse a médica.
Ela ainda explica: “A gente começou a relacionar os casos, porque não é comum ter três funcionários internados no nosso hospital. Funcionários jovens, imunocompetentes, sem nenhuma doença de base. A gente começou, no domingo de manhã, a relacionar esses casos, fazer exames e começamos a entender que tudo fazia parte de um mesmo quadro, de um quadro novo, que a gente não costumava ver por aqui”, detalhou.


Carolina também explicou que o hospital já tomou medidas para higienização do ambiente.
As primeiras medidas foram higienizar 100% os aparelhos de ar-condicionado do setor; antes de higienizar, a gente colheu o material, trocou os filtros, trocou as torneiras, mudou a caixa d’água que trazia água para esse setor.”
Carolina Salume, médica infectologista do Hospital Santa Rita
A médica também esclareceu que o uso de máscara está sendo recomendado apenas no setor afetado, e não no hospital inteiro.


Confira a entrevista com o secretário de Saúde, Tyago Hoffmann
Quantos funcionários estão confirmados com a contaminação?
Nós tínhamos, até sábado (25), 26 funcionários já com confirmação do vínculo epidemiológico, ou seja, todos relacionados com essa infecção. Sete estavam em investigação. Esses sete, hoje (26), estão confirmados. Então, nós temos ao todo 33 funcionários do hospital com vínculo epidemiológico confirmados. Desses 33, oito continuam internados; os outros já tiveram alta.
Dos oito que estão internados, três se encontram em UTI. Dos três que se encontram em UTI, dois estão evoluindo muito bem e podem, se continuarem evoluindo como estão, ter alta nos próximos dias da UTI. Uma encontra-se em estado mais grave. É uma técnica de enfermagem de 48 anos que está aqui no Hospital Santa Rita.
Quais são os sintomas dessa funcionária?
Os sintomas de todos eles são muito parecidos. São sintomas respiratórios, algum tipo de doença respiratória, muito parecido com uma pneumonia bem aguda, bem grave. Os sintomas são: cefaleia, dores de cabeça forte, dores pelo corpo, febre, entre outros sintomas de algum tipo de vírus respiratório.
Como surgiu a informação? Como tudo começou a ser investigado?
Começou com um ou dois casos surgindo no último fim de semana anterior a esse. Sexta (17) e sábado (18) começaram a surgir, aí surgiu um, depois surgiram mais alguns e os casos começaram a se acumular de pessoas com sintomas parecidos.
Quando isso começou a acontecer, o hospital começou a tomar as providências e, desde a última segunda-feira (20), as nossas equipes da Vigilância e do Lacen estão aqui dentro do hospital, junto com a equipe do hospital, para que possamos tomar as medidas necessárias de controle desse possível surto de infecção aqui internamente.
De onde saiu essa contaminação? Foi em qual setor?
O setor é uma enfermaria grande do hospital que abriga em torno de 40 leitos. Nossa principal hipótese é que seja alguma causa de uma contaminação ambiental, porque não há relato de nenhuma transmissão pessoa a pessoa.
Não há nenhum relato de transmissão; tanto que não temos nenhum paciente em investigação que estava no setor no período e não temos nenhuma notícia também de familiares dos trabalhadores que tiveram o vínculo epidemiológico confirmado.
Não temos nenhum relato de familiar desses trabalhadores que foram contaminados. Porque eles foram para casa, aí eles começaram a ter sintomas.
Em tese, eles poderiam transmitir para os seus familiares e nós não temos nenhum relato de familiar também que esteja em investigação até o presente momento.
Foi descartada a covid-19?
Foi descartada a covid. Nós já testamos para os principais tipos de gripe, para a Covid, seus vírus respiratórios mais comuns; nós já testamos todos e, por enquanto, todos estão descartados.
Mas descartaram todos os vírus?
Não. Ainda tem vírus em investigação. Mas os principais, pelo tipo de sintoma, foram descartados.
E existe um prazo para terminar essa investigação?
Não tem como precisar um prazo. Nós estamos rodando diversos testes, um deles muito moderno que está sendo rodado pelo nosso Lacen, que tenta identificar DNA ou RNA desses vírus, bactérias ou fungos.
Nós estamos investigando quase 300 possibilidades, que chamamos de patógenos. E é provável que até o fim dessa semana que se inicia agora, a gente tenha os resultados desse teste.
E quais são os materiais que vocês estão colhendo?
Sangue, urina, exames pulmonares também desses indivíduos e também amostras ambientais de superfícies que estavam nesse local que é o epicentro. Amostras com swab dos aparelhos de ar-condicionado, água também. Então, amostras ambientais e amostras de exames dos pacientes.
Já que só funcionários foram internados, seria talvez uma salinha, um espaço que seja ocupado só por eles, já que não há nenhum paciente?
É possível, mas nós temos, como eu te falei, 33 casos confirmados de funcionários e nós estamos com 12 casos em investigação de acompanhantes de pacientes que estavam aqui. Desses 12 casos, nenhum em UTI. Todos em enfermaria e nenhum confirmado o vínculo epidemiológico com essa situação. Todos estão em investigação.
Esse setor é público, privado, é da Oncologia?
Ele atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, assim, para efeito de investigação, isso é pouco relevante. Podia ter atingido uma ala que atende setores de planos de saúde, setores privados.
Qual é a orientação para os usuários do hospital e para a população?
Esse aqui é um hospital de referência para o tratamento de oncologia na Região Metropolitana, para todo o Estado. E tem pacientes que fazem um acompanhamento do seu problema ambulatorial aqui. Então, esses pacientes precisam vir para dar continuidade aos seus tratamentos, porque senão eles podem ter seu problema eventualmente agravado.
Não há, nesse momento, nenhum motivo para criarmos um pânico. Todas as medidas sanitárias estão sendo tomadas pelo hospital e pela Secretaria de Saúde.
Nós temos uma equipe permanentemente dentro do hospital. Todos os cuidados estão sendo tomados e a gente orienta os pacientes que eles mantenham a sua agenda de tratamento no hospital.
