Cinco semanas depois, o receptor começou a apresentar sintomas compatíveis com raiva. Amostras enviadas ao CDC, incluindo saliva, pele e fluidos corporais, revelaram a presença de RNA do vírus. Pouco mais de 50 dias após a cirurgia, ele desenvolveu disfunções neurológicas severas e morreu.
Exames posteriores confirmaram o vírus da raiva no próprio rim transplantado, encerrando as dúvidas sobre a origem da infecção. Três outras pessoas receberam tecidos do mesmo doador — no caso, córneas — mas tiveram os enxertos removidos e foram tratadas com profilaxia pós-exposição. Nenhuma delas desenvolveu sintomas.
Transmissões humanas de raiva são raríssimas e, quando acontecem, costumam ser letais. Elas estão associadas a transplantes de órgãos contaminados. O CDC, com isso, recomenda uma cautela maior em casos de doadores com histórico de exposição a animais.
O que é a raiva
A raiva é uma doença viral grave transmitida principalmente pela saliva de animais infectados, como cães, morcegos, guaxinins e gambás. A contaminação ocorre por mordidas ou arranhões, e todos os mamíferos podem ser infectados.
Uma vez que os sintomas neurológicos aparecem, a doença é quase sempre fatal. Menos de 50 sobreviventes foram registrados em todo o mundo, mesmo com tratamentos agressivos.
