Hiroshima, Nagasaki e o furacão Katrina – Jornal da USP

Em sua primeira coluna do mês de agosto, o professor José Eli da Veiga relembra dois fatos que a história jamais vai esquecer: os 80 anos de Hiroshima e Nagasaki e os 20 anos do furação Katrina. Em relação ao primeiro evento, diz o professor: “Realmente, não é qualquer coisa que se comemore, mas acho que deve ser um motivo de comemorar o fato de que, nesses 80 anos, mal ou bem, o sistema multilateral conseguiu, mediante aquilo que é chamado de força de dissuasão, impedir que ocorresse de novo, quer dizer, não houve repetição. E o fato de nós termos conseguido que a humanidade, depois de ter chegado a essas bombas atômicas, evitasse o uso desses armamentos durante tanto tempo é algo que evidentemente não pode ser de maneira alguma subestimado”.

Quanto ao furacão Katrina: “É uma coisa muito diferente, porque o furacão, em princípio, é provocado por fatores bem diferentes do que aqueles que levaram à decisão de usar a bomba atômica. No entanto, desde que começamos a entender um pouco o aquecimento global sabemos que os eventos climáticos extremos, entre os quais os furacões, aumentariam em frequência e em intensidade. E não quero dizer que o Katrina tenha sido o primeiro, mas é provável que o Katrina tenha sido aquele que fez, pela primeira vez, que a gente começasse a prestar atenção nisso. E é interessante notar que, desde então, ocorreram mais 13 furacões de intensidade, vamos dizer, comparável, mesmo que não tenham causado o mesmo número de mortes, por exemplo, que o Katrina causou. Além do que, o Katrina foi no sul dos Estados Unidos e não num país qualquer da África ou da Ásia, em que não chamaria tanta atenção”.

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