Publicado em 28/09/2025
Imagem: Reprodução
28 de Setembro de 1971: O Dia em que o Céu do Acre Desabou
Sena Madureira, Acre — Há datas que ficam para sempre gravadas na memória de uma região, marcadas não por celebrações, mas por uma dor profunda e coletiva. Para o Acre, o dia 28 de setembro de 1971 carrega o peso da maior tragédia da sua história aérea: a queda do avião Douglas DC-3 da Cruzeiro do Sul, que ceifou a vida de 33 pessoas.
O desastre, ocorrido em uma densa área de mata na comunidade Boca do Caeté, nas proximidades de Sena Madureira, transformou o que deveria ser um voo rotineiro em um pesadelo inesquecível, ecoando o risco e a fragilidade da aviação regional na Amazônia daquela época.
O Voo Fatídico e a Luta nos Ares
A aeronave, de matrícula desconhecida nos registros atuais mas identificada como um clássico Douglas DC-3 (também conhecido popularmente como “Dakota”), decolou de Sena Madureira rumo à capital, Rio Branco. O DC-3 era um “cavalo de batalha” da aviação, robusto, mas com tecnologias limitadas pelos padrões modernos.
Pouco após a decolagem, a tripulação enfrentou o inesperado: um problema sério em um dos motores. Em meio à paisagem monótona e densa da floresta, o piloto teria lutado desesperadamente para manter a aeronave no ar e encontrar um local para um pouso de emergência ou retornar ao aeroporto.
Infelizmente, a tentativa foi frustrada pela perda progressiva de altitude. O avião se chocou violentamente contra uma árvore de grande porte, desintegrando-se ao cair em um matagal. O resultado foi devastador: todos os 33 ocupantes, entre passageiros e tripulantes, morreram no impacto ou em decorrência do acidente.
Um Luto que Marcou Gerações
A tragédia de 1971 superou em número de vítimas outros acidentes aéreos significativos do estado, como o da Rico Linhas Aéreas em 2002, que causou a morte de 23 pessoas, tornando-se o marco de dor na aviação acreana.
Entre as vítimas, estavam famílias inteiras, empresários, funcionários públicos e pessoas simples que dependiam do transporte aéreo para se deslocar entre os municípios isolados pela floresta. A notícia se espalhou como um raio, e a comoção tomou conta das pequenas cidades. As operações de resgate e a busca pelos destroços foram árduas, dificultadas pela localização remota da queda.
O Legado da Tragédia
O desastre de 1971 serviu como um doloroso lembrete dos desafios logísticos e de segurança da aviação na região Norte. A aviação na Amazônia, especialmente o táxi aéreo e os voos regionais, é vital para conectar comunidades, mas historicamente conviveu com precariedades em infraestrutura aeroportuária e manutenção de aeronaves.
Hoje, 54 anos depois, o acidente permanece como o maior em número de mortes no Acre, uma cicatriz histórica que reverbera a necessidade de constante vigilância e investimento em segurança aérea, garantindo que as asas que ligam o Acre ao Brasil e ao mundo sejam sinônimo de progresso, e não de luto. O dia 28 de setembro de 1971 não será esquecido, honrando a memória daqueles que perderam a vida nos céus do estado.
Lista de Vítimas Confirmadas de Acidente Aéreo de 1971
(Lista de vítimas: uma informação do Contilnet.)
Com grande pesar, registramos os nomes das pessoas que teriam perdido a vida no acidente. As vítimas representavam diversas áreas e deixaram uma lacuna imensa em suas comunidades e famílias.
Entre os nomes na lista, figura a presença de:
- Francisco Pedroso da Silva
- Orlando Vieira da Mota
- Valeria Maria de Oliveira
- Bárbara Heliodora de Lima Bezerra
- Jecineide Braña
- Bispo Dom Giocondo Maria Grotti
- Miguel Silva
- Pedro Vitor Feitosa
- Arquimedes Rodrigues da Conceição
- Raimundo Vieira da Costa
- Milton Quadreni
- Jair Martins Marque
- Aymar Pallera de Albuquerque
- Luiz Carlos Ramos
- Lidia Duarte Magalhães
- Silverio Nazaré
- Maria Ermengada Dias
- José Luiz Farias dos Santos
- Osvaldo Dilson Magalhães
- José das Chagas Pereira
- Pantaleão Nicácio da Silva