Os millennials, geração dos nascidos entre 1981 a 1995, estão apresentando os maiores volumes de casos de câncer no mundo, com quase 1 milhão de diagnósticos entre jovens adultos de diversas regiões.
De acordo com uma pesquisa publicada pela ESMO Open em setembro deste ano, a incidência global de câncer de início precoce aumentou quase 80% entre 1990 e 2019 para pessoas com menos de 50 anos. Por sua vez, a mortalidade aumentou cerca de 28%.
O câncer é uma doença tradicionalmente associada ao envelhecimento, mas tendências recentes mostram um rápido aumento na incidência entre pacientes com menos de 40 anos, frequentemente denominados cânceres de “início precoce”. Isso pode ser justificado por diversos fatores, inclusive comportamentais de toda uma sociedade e a falta de atenção para a saúde entre os mais jovens.
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Entre os principais tipos de câncer analisados com aumento de incidência nesse recorte, é possível destacar:
- Cânceres do sistema digestivo (colorretal, esôfago, vias biliares extra-hepáticas, vesícula biliar, estômago, pâncreas e fígado);
- Cânceres ginecológicos (mama e endométrio);
- Cânceres urogenitais (rim e próstata);
- Cânceres de cabeça e pescoço e tireoide.
Há ainda tendência crescente de diagnósticos de câncer de pulmão entre não fumantes, dos quais 12,5% dos casos são em jovens adultos. A pesquisa projeta que, até 2050, os cânceres de início precoce aumentem significativamente, tanto na incidência quanto na mortalidade.
Câncer em homens jovens x mulheres jovens
Historicamente, mulheres com menos de 50 anos têm apresentado uma carga de câncer maior do que homens na mesma faixa etária, e essa disparidade aumentou consideravelmente ao longo do tempo.
O estudo mostra que, em 2021, a taxa de incidência entre mulheres jovens foi 82% maior do que em homens jovens, em comparação com uma diferença de 51% relatada em 2002.
Além disso, os casos de câncer de mama e tireoide agora representam quase metade de todos os tipos da doença nessa faixa etária entre as mulheres jovens. Para os homens, entre 2002 e 2021, a incidência geral de câncer diminuiu ligeiramente, mas houve aumento para cânceres colorretal, testicular, renal e leucemia.
Por que o câncer aumentou entre os jovens adultos?
A pesquisa explica que não há um único fator que consiga explicar o aumento do número de casos de câncer entre as gerações mais jovens. Os dados variados de incidência sugerem que mudanças na disponibilidade de testes, estilo de vida e exposições ambientais podem contribuir para os resultados.
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De acordo com os autores, como indivíduos nessa faixa etária geralmente têm grande parte de sua expectativa de vida pela frente, muitos jovens adultos priorizam compromissos acadêmicos, profissionais ou sociais em detrimento da saúde, ignorando os sintomas iniciais, o que pode levar a atrasos tanto no diagnóstico quanto na busca por atendimento médico.
Ainda assim, o aumento da acessibilidade mundial a esses diagnósticos pode explicar parcialmente o aumento das taxas de incidência, mas ainda é insuficiente para explicar a tendência mais ampla, que é explicada pela evolução dos padrões de exposição a fatores de risco.
Associações notáveis, de acordo com a pesquisa, incluem obesidade e síndrome metabólica, uso de antibióticos na infância, maior exposição a carcinógenos e poluentes ambientais, desreguladores endócrinos de diversas fontes e mudanças no estilo de vida, como dieta, atividade física e padrões de sono.
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Além disso, foi comprovado que o ‘envelhecimento acelerado’ é mais comum entre nascidos em ou após 1965. Cada aumento nessa medida é associado a um risco 42% maior de câncer de pulmão de início precoce, 22% maior de cânceres gastrointestinais e 36% maior de câncer uterino.
