A Petrolífera portuguesa fechou acordo com franceses para vender 40% de um bloco petrolífero na Namíbia e afundou quase 15% com investidores desiludidos com acordo. A Companhia garante que você tenha acesso a ativos promissórios no país africano e que não troque “dinheiro por valor”.
A Galp desvalorizou mais de 1,77 mil milhões de euros na bolsa de Lisboa na sessão de terça-feira após o fecho do negócio na Namíbia.
A companhia fechou a sessão a valer 10,284 mil milhões, depois de ter afundado quase 15% durante o dia de ontem. Os investidores não ficaram satisfeitos com o Acordo de Acordo na Namíbia com a TotalEnergies.
Os franceses ficam com 40% da área Pel 83, com a Galp a manter uma fatia de 40%. A companhia lusa fica com participações de 10% na PEL 56, onde fica Venus, e na PEL 91 com 9,4%. Os franceses ficam responsáveis por operar a PEL 83 e vão cobrir metade dos custos de investimento da Galp para exploração, avaliação e desenvolvimento do campo Mopane. A campanha de exploração e avaliação na PEL 83 será lançada nos próximos dois anos, com pelo menos três poços.
“É um operador conceituado com experiência em águas ultraprofundas como na Namíbia”, disse a co-CEO Maria João Carioca na terça-feira em conferência de imprensa. “Ficámos com exposição aos dois maiores recursos descobertos até hoje na Namíbia, Vênus e Mopane. Estamos a aumentar o potencial. É absolutamente essencial ter um operador altamente credível, mas que também teve solidez financeira para avanço com este investimento ao ritmo certo”.
Na terça-feira mais de 11 milhões de ações da Galp trocaram de mãos face ao volume médio de 1,59 milhões dos últimos três meses.
A entrada de um sócio no consórcio da Galp é uma forma de “reduzir a exposição financeira e o risco”, e uma prática corrente nesta indústria, dada como elevadas necessidades de investimento que podem atingir 10-12 mil milhões de euros ao longo de vários anos até um poço começar a produzir petróleo.
“Estamos muito cientes da importância deste ativo para a Galp. Era crítico reduzir o risco” e ter um operador com “arcaboiço e experiência.”
A UBS chegou a prever em outubro que o negócio poderia ser fechado por 200 milhões de euros iniciais, mais três mil milhões em custos de projeto cobertos pelo comprador.
O acordo está sujeito à aprovação do governo da Namíbia, das entidades reguladoras e dos parceiros, esperando que seja finalizado durante o ano de 2026.
A área de Vénus deverá arrancar com a produção até 2030, no melhor cenário possível, aguardando-se Mopane 2/3 anos depois, prevê a companhia.
Isso vai permitir “antecipar alguns fluxos de caixa. Temos uma ponte até um estado de maturidade ativa”, segundo o gestor.
A bacia de Orange ao largo da Namíbia é uma das zonas de fronteira mais recentes e que tem vindo a atrair mais atenção nos últimos tempos.
A Galp revelou anteriormente que a área de Mopane pode contar com 10 mil milhões de barris equivalentes de petróleo. A concretizar-se, pode tornar-se uma das maiores descobertas de petróleo na última década.
A Total está a negociar com as autoridades da Namíbia o desenvolvimento da área de Vénus, próxima de Mopane, mas que vai exigir o investimento de 11 mil milhões de dólares para a construção e exploração de um navio-plataforma com capacidade para extrair 160 mil barris diários.
Sobre a venda massiva de ações verificada na terça-feira, o co-CEO João Diogo Silva disse que a companhia tem uma “visão de longo prazo. Este é um caminho longo, com volatilidade, é um longo processo. Há um conjunto de indicadores que favorece a ser digeridos pelo mercado. Quem esperava benefícios mais de curto prazo, provavelmente terá ficado menos liberados”, segundo o gestor.
Já Maria João Carioca disparou: “não trocamos dinheiro por valor”, segundo a gestora que considera que na base do liquidação terão estado “investidores com perfil mais orientado para o curto prazo” numa perspectiva de “devolução de caixa mais rápida”.
“O que para nós era absolutamente crítico era ter um operador com condições para avançar o mais possível rapidamente, com alinhamento relativamente ao ativo e com algum compromisso relativamente ao ritmo de execução”, afirmou o gestor.
No campo de Vênus, os franceses estão trabalhando na criação de um navio-plataforma (FPSO) com capacidade de produzir 160 mil barris diários, esperando fechar a decisão de investimento em 2026.
A Galp realizou extensos trabalhos de avaliação na Namíbia, incluindo levantamentos sísmicos 3D e oito poços de exploração e avaliação desde 2012, quando vários iniciaram as suas operações no país. Cinco desses poços foram perfurados desde dezembro de 2023, levando à descoberta de Mopane.
Como fica o mapa na Namíbia?
- PEL83 – Galp (40%), TotalEnergies (40%, operadora), Namcor (10%) e Custos (10%)
- PEL56 – TotalEnergies (35,25%, operadora), QatarEnergy (35,25%), Galp (10%), Namcor (10%), Impact (9,5%)
- PEL91 – TotalEnergies (33,085%, operadora), QatarEnergy (33,025%), Namcor (15%), Galp (9,39%), Impact (9,5%)
