A petrolífera norte-americana Exxon Mobil retirou a declaração de força maior no projeto de Gás Natural Liquefeito (GNL) Rovuma LNG, à medida que as preocupações com a segurança diminuam. A notícia foi veiculada esta quinta-feira (20) pela Bloomberg, que disse se tratar de um passo fundamental, para a aprovação da decisão final de investimento (IFD, na sigla em inglês), para o empreendimento da Área 4 da Bacia do Rovuma, no norte de Cabo Delgado.
A declaração de força maior foi imposta depois que militantes afiliados ao Estado Islâmico realizaram um ataque próximo às suas operações no nordeste de Moçambique em 2021.
“Suspendemos a declaração de força maior para o projeto de GNL do Rovuma”, disse um porta-voz da Exxon, citado pelo referido órgão.
O porta-voz acrescentou que, para a retomada das atividades no terreno, a empresa está a trabalhar com os seus parceiros e com o Governo de Moçambique, para garantir a segurança dos seus colaboradores e instalações, ao mesmo tempo que procura desenvolver um projeto de GNL de classe mundial que possa contribuir para o crescimento económico.
A TotalEnergies, que está a construir uma fábrica de GNL de 20 mil milhões de dólares na Área 1 da Bacia do Rovuma, também anunciou uma suspensão de força maior no mês passado.
Segundo a Bloomberg, os projectos da Exxon e da TotalEnergies deverão entrar em funcionamento no início da década de 2030 – caso não haja novos atrasos – e permitirão que Moçambique exporte gás para todo o mundo durante décadas. Prometem ainda transformar a economia do país, uma das mais pobres do mundo, numa potência exportadora de energia.
O Presidente da República, Daniel Chapo, está empenhado em concretizar estas promessas e, nos últimos meses, tem trabalhado com as tropas ruandesas para ajudar a garantir a segurança da região de Cabo Delgado.
Em julho, classificou a área como “relativamente estável” e incentivou as empresas a retomarem as obras, mesmo que as ameaças persistam.
“Se estivermos à espera que Cabo Delgado se torne um paraíso, não vamos suspender a força maior”, afirmou na altura.
A Exxon Mobil aproveitou o atraso para melhorar o projeto Rovuma LNG, evitando uma produção de até 18 milhões de toneladas de gás por ano, face aos 15,2 milhões de toneladas originalmente previstas. Entre os parceiros estão a China National Petroleum Corp. (CNPC), a Abu Dhabi National Oil Co., a Korea Gas Corp. de Seul e a empresa italiana de energia Eni SpA.
No início de novembro atual, o CEO da Exxon Mobil, Darren Woods, disse que a empresa estaria em condições de avançar rapidamente assim que a situação de força maior terminar.
“Aproveitámos o tempo para nos concentrarmos no desenvolvimento do projeto, melhorar o design e chegar ao que consideramos o melhor conceito”, disse no podcast Zero da Bloomberg Green, em São Paulo, durante a COP30, a cimeira climática. “Acredito que conseguiremos avançar rapidamente após o fim da situação de força maior”, afirmou.
A petrolífera norte-americana pretende praticamente duplicar o seu portfólio de fornecimento de GNL até 2030, face à década anterior, apostando num aumento de 20% da procura de gás natural até 2050.
O projecto em Moçambique deverá entrar em funcionamento no início da próxima década, altura em que as expansões nos Estados Unidos da América e no Qatar deverão saturar o mercado.
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