A Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC 2025), realizada em Toronto, traz mais uma vez à tona a influência profunda do ambiente em que vivemos sobre nossa saúde cerebral.

Estudos recentes revelam que a exposição ao chumbo durante a infância está diretamente ligada a problemas cognitivos que podem se manifestar décadas depois, afetando especialmente a memória e aumentando o risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Essas interações cumulativas influenciam a saúde de forma complexa e duradoura, especialmente quando a exposição ocorre em fases sensíveis do desenvolvimento, como a infância.

Evidências de um estudo com mais de 600 mil adultos idosos

Um estudo envolvendo mais de 600 mil pessoas acima de 65 anos revelou que aqueles expostos a altos níveis de chumbo na infância apresentaram um aumento de 20% no risco de desenvolver distúrbios de memória cinco décadas depois.

O estudo concentra-se em indivíduos que cresceram em regiões com alta concentração atmosférica de chumbo entre 1960 e 1974, período em que o chumbo era adicionado à gasolina para melhorar o desempenho dos veículos.

Durante décadas, o chumbo foi utilizado como aditivo em combustíveis para turbinar motores, expondo milhões de crianças à substância altamente tóxica. Estima-se que metade da população norte-americana tenha sido contaminada durante esse período, refletindo um legado que só foi reconhecido cientificamente mais tarde.

Persistência da contaminação por chumbo no ambiente

Mesmo após a proibição do uso do chumbo na gasolina, confirmada globalmente em 2021, outras fontes continuam a ameaçar a saúde pública, incluindo tubulações antigas que liberam chumbo na água potável e indústrias próximas que emitem a substância no ar. Essas exposições contribuem para o comprometimento cognitivo em idosos.

A presença de chumbo no organismo desde a infância torna o cérebro vulnerável a alterações irreversíveis, afetando a memória, a capacidade de aprendizagem e a resistência contra doenças neurodegenerativas. O impacto é especialmente grave porque as sequelas tendem a se agravar com o envelhecimento.

A inexistência de um nível seguro para exposição ao chumbo

Pesquisas recentes demonstram que não existe um limiar seguro para a exposição ao chumbo, o que reforça a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para eliminar todas as fontes de contaminação e proteger as populações mais vulneráveis, principalmente as crianças.

Apesar dos avanços na redução do uso do chumbo, milhões de pessoas ainda apresentam traços da substância em seus organismos. Para reduzir os danos já causados e prevenir novas exposições, é fundamental investir em monitoramento ambiental, infraestrutura adequada e conscientização pública.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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