Pela primeira vez, astrônomos encontraram um super-remanescente de nova (NSR) – vestígio de uma explosão em que a estrela resiste e pode detonar novamente – na Grande Nuvem de Magalhães (LMC), galáxia satélite da Via Láctea.
Esse é o maior NSR descoberto até o momento e o segundo observado fora da nossa galáxia. Os resultados estão em um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão por pares.

Os NSRs são estruturas colossais que se parecem com conchas, sendo muito maiores que os detritos comuns de detonações cósmicas. Formados por explosões nova constantes, eles crescem conforme o material ao redor de sua estrela é empurrado para longe.
Pesquisadores acreditam que essas conchas se formam ao redor de todas as novas. No entanto, apenas quatro tinham sido identificadas até o momento, sendo três delas na Via Láctea.

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Agora, a equippe do novo estudo detectou a quinta integrante dessa lista. “Aqui apresentamos a descoberta do primeiro NSR na Grande Nuvem de Magalhães e apenas a segunda camada de nova extragaláctica a ser identificada, hospedada pela nova recorrente LMCN 1971-08a”, escreveram os cientistas no artigo.
Super-remanescente de nova na LMC é o maior já encontrado
LMCN 1971-08a é uma das quatro novas recorrentes conhecidas na Grande Nuvem de Magalhães. Estudos anteriores estimaram que o seu ciclo de detonação é de cerca de 38 anos, tendo sua última explosão ocorrida em 2009. Observações revelaram que se trata de uma anã branca, com 1,1 a 1,3 massas solares, que incorporou o material de sua companheira, uma estrela subgigante.
Com dados do radiotelescópio MeerKAT, a equipe encontrou a estrutura em forma de concha próxima a LMCN 1971-08a. Tendo uma aparência circular, esse objeto cósmico apresenta brilho maior a nordeste e a sudeste, com um fino limite conectando os dois extremos.
Segundo os cálculos do grupo, essa formação tem um diâmetro de cerca de 650-anos-luz. Estima-se que os limites interno e externo da concha estejam a 284 e 329 anos-luz de LMCN 1971-08a, respectivamente.

As observações mostraram também que a camada externa tem cerca de 4.130 massas solares e está expandindo a uma velocidade em torno de 20km/s. A equipe estimou a idade da concha em cerca de 2,4 milhões de anos.
O conjunto dos dados revelou que esse é o maior super-remanescente de nova já descoberto. As informações captadas também sugerem que LMCN 1971-08a pode ter um ciclo de detonações menor do que se pensava.
“Devido à existência de tal NSR, LMCN 1971-08a pode ter um período de recorrência muito mais curto do que os 38 anos atualmente presumidos e, portanto, pode ser observado em erupção muito antes de 2047”, concluiu a equipe.