A explosão em uma fábrica de explosivos de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, completou um mês nesta sexta-feira (12). O acidente deixou nove mortos e pelo menos sete feridos. Desde então, investigações apuram as causas da tragédia, enquanto familiares das vítimas seguem lidando com as consequências do desastre.
A Polícia Civil informou à Banda B que, apesar do período que se passou, a corporação ainda não chegou a uma conclusão sobre as causas da tragédia e decidiu prorrogar o inquérito por mais 30 dias. As autoridades agora têm trabalhado para esclarecer se houve falhas de segurança, negligência ou qualquer conduta que possa ter contribuído para a explosão.
“A Delegacia de Quatro Barras segue atuando com prioridade e cautela na investigação do acidente ocorrido na empresa Enaex. Desde o início, o nosso trabalho tem se concentrado em apurar se houve alguma conduta dolosa ou culposa que possa ter contribuído para a explosão. Em razão da complexidade e do grande volume das informações técnicas que ainda estão sendo analisadas, será necessário prorrogar o inquérito por mais 30 dias”, afirmou ela.
No dia 19 de agosto, o Ministério Público do Paraná (MPPR) recomendou a suspensão imediata de algumas operações na fábrica. O órgão orientou a suspensão imediata de qualquer manipulação de explosivos até liberação dos órgãos competentes, sob pena de interdição judicial. Veja a lista de recomendações aqui.
Em nota, a Enaex Brasil disse à Banda B que está retomando as operações gradualmente na fábrica com a produção de insumos não explosivos. “O complexo conta com 25 unidades produtivas, todas submetidas a rigorosas inspeções e autorizações técnicas antes da retomada das atividades”, disse a empresa.
A companhia, afirma, dispõe de todas as autorizações necessárias e implementou um plano de retorno seguro e progressivo. “Paralelamente, segue colaborando ativamente com as autoridades na investigação do acidente ocorrido em 12 de agosto, na planta de X-Booster. Destacamos que a produção do explosivo X-Booster não será retomada no curto prazo”, conclui.
Veja perguntas e respostas sobre a explosão em Quatro Barras:
1. Onde ocorreu a explosão e qual era o tipo de fábrica?
A explosão aconteceu no dia 12 de agosto, na Enaex Brasil, uma fábrica de explosivos localizada em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. Os nove trabalhadores que morreram estavam dentro de um imóvel de aproximadamente 25 m². A empresa oferece produtos e serviços de explosivos para a indústria brasileira de mineração a céu aberto e subterrânea.
2. Como aconteceu a explosão?
As causas da explosão são desconhecidas até o momento. A Polícia Civil está investigando o que pode ter provocado o episódio. O secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, afirmou que no momento da explosão as vítimas não manipulavam diretamente os explosivos. As causas oficiais só serão conhecidas após conclusão do inquérito e da perícia técnica.
Imagens de câmeras de segurança também estão sendo analisadas para tentar esclarecer as circunstâncias do acidente.
3. Quantas pessoas morreram e quem são elas?
Nove pessoas morreram na explosão da fábrica — seis homens e três mulheres. A empresa Enaex Brasil divulgou a lista com os nomes das vítimas da tragédia. Veja a lista abaixo:
“É muito triste para gente, muito pesado isso. A equipe de RH está trabalhando na comunicação direta com os familiares”, disse Daniel Oliveira, diretor da empresa.
4. Como foi o processo de identificação das vítimas?
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), a confirmação das identidades foi possível graças à atuação das equipes da Polícia Científica, responsáveis pela identificação genética de vestígios, e da Polícia Civil, que atuou por meio da papiloscopia na análise de impressões digitais.
Segundo o órgão, cerca de 1 mil vestígios das vítimas foram localizados pelas equipes durante as buscas, os quais foram analisados pelos laboratórios da Polícia Científica e pela Polícia Civil. A identificação das vítimas seguiu o protocolo internacional de Disaster Victim Identification (DVI), reconhecido pela metodologia científica em situações de múltiplas vítimas.
5. Como foram feitas as buscas por vítimas?
As equipes do Corpo de Bombeiros, das polícias Civil, Militar e Científica fizeram buscas por pelo menos cinco dias. A operação foi feita em meio a um cenário de destruição, com escombros e uma cratera profunda formada no ponto exato da explosão.
A operação de identificação envolveu aproximadamente 80 profissionais da Polícia Científica. Enquanto equipes de antropologia trabalhavam no local da explosão, outros profissionais faziam a separação das amostras biológicas. Os laboratórios de genética concentraram-se exclusivamente neste caso.
6. Houve danos à estrutura da fábrica e arredores?
Sim. O imóvel onde houve a explosão, na planta da fábrica, ficou completamente destruído. Alguns focos de incêndio foram combatidos no local. A unidade da Enaex Brasil sofreu danos em partes da estrutura.
Além disso, houve impacto em construções próximas, como casas e estabelecimentos comerciais. O estrondo foi sentido por moradores de pelo menos sete municípios vizinhos, como Curitiba, Colombo e São José dos Pinhais.
Câmeras de segurança registraram o momento em que a forte explosão provocou um estrondo e chegou a tremer casas na cidade e em municípios vizinhos. O incidente ocorreu por volta das 5h50. “Eu trabalho na Avenida Iraí, em Pinhais, e ouvi um estrondo daqui, que balançou toda a estrutura da academia. Eu saí correndo”, disse um dos moradores.
7. Alguém já foi responsabilizado pelo ocorrido?
Até o momento, não há registro de responsabilização criminal. As investigações seguem sob supervisão do Ministério Público e da Polícia Civil, que analisam possíveis falhas de segurança, armazenamento de explosivos e conduta da empresa.
As apurações sobre o ocorrido, considerando as diversas áreas relacionadas – criminal, ambiental, danos causados aos moradores, entre outras – serão conduzidas pelas autoridades competentes e acompanhadas pela Promotoria de Justiça.
8. A empresa possuía alvarás e licenças atualizados?
De acordo com a Prefeitura de Quatro Barras, a empresa tem todas as licenças necessárias para funcionamento e está em situação regular.
9. O que falta esclarecer sobre a explosão?
Ainda não se sabe a causa exata da explosão, nem se houve negligência, falha técnica ou erro humano. Também estão sendo apuradas questões sobre armazenamento de explosivos, cumprimento de normas de segurança e possíveis responsabilidades da empresa e de funcionários.