Uma explosão na manhã de 6 de março de 2025 abalou a fábrica Fujioka da Chuo Spring, empresa afiliada à Toyota, localizada em Toyota City, na província de Aichi, no Japão. O incidente, ocorrido por volta das 8h05 no horário local, deixou um saldo trágico: um funcionário morreu e dois outros sofreram ferimentos leves. O acidente envolveu um coletor de pó dentro da unidade, que produz molas e outros componentes automotivos essenciais para a gigante Toyota Motor. A força da explosão destruiu partes da estrutura do prédio, com paredes e telhado arrancados, além de uma mudança visível na coloração da fachada para um tom acastanhado devido ao calor intenso. O cheiro de queimado tomou conta do local, enquanto dezenas de viaturas policiais e bombeiros se mobilizaram para conter a situação e investigar as causas. Este é o segundo incidente do tipo na mesma planta em menos de dois anos, reacendendo preocupações sobre segurança industrial e a cadeia de suprimentos da Toyota.

A Chuo Spring, sediada em Nagoya e conhecida por fornecer molas de suspensão para veículos Toyota, já havia enfrentado um problema semelhante em outubro de 2023, quando uma explosão em sua linha de produção interrompeu a fabricação de peças por dias. Na ocasião, a Toyota foi forçada a suspender operações em até oito fábricas no Japão, afetando 13 linhas de montagem e levando dez dias para normalizar a produção. Agora, com este novo incidente, a expectativa é de que a montadora japonesa, responsável por cerca de 14 milhões de veículos produzidos globalmente em 2023, enfrente novamente interrupções em sua cadeia produtiva. Um funcionário presente no momento do acidente relatou ter sentido uma vibração lateral durante a manhã, seguida por um estrondo e uma nuvem de fumaça, o que gerou pânico entre os trabalhadores.

Enquanto as autoridades locais investigam o caso, a Toyota e a Chuo Spring emitiram notas reconhecendo o ocorrido, mas informaram que ainda estão apurando detalhes, incluindo a origem exata da explosão e seu impacto na produção. A repetição de acidentes em menos de 18 meses levanta questões sobre a eficácia das medidas de segurança adotadas após o episódio anterior, colocando em xeque a robustez de um dos maiores fornecedores da montadora no Japão.

Histórico de problemas na Chuo Spring

A Chuo Spring não é estranha a incidentes graves. Em outubro de 2023, uma explosão em sua fábrica Fujioka, também envolvendo equipamentos industriais, danificou uma fornalha de secagem usada para resfriar aço quente, paralisando a produção de molas de suspensão. Na época, a Toyota respondeu suspendendo gradualmente suas linhas de montagem em várias plantas domésticas, incluindo as de Takaoka e Tsutsumi, ambas em Aichi. O impacto foi significativo: cerca de 30% da produção nacional da montadora ficou comprometida por dias, afetando modelos populares como o RAV4 e o Land Cruiser.

Após o incidente de 2023, a Chuo Spring retomou as operações em uma semana, mas a Toyota levou dez dias para restaurar completamente sua capacidade produtiva, evidenciando a dependência da montadora em relação a esse fornecedor. Dados do mercado mostram que a empresa responde por aproximadamente 35% do fornecimento de molas de suspensão no Japão, sendo a segunda maior do setor, atrás apenas da NHK Spring, que detém 45%. A concentração de produção em poucos players torna a cadeia de suprimentos vulnerável a interrupções como essa.

Impacto imediato na Toyota e no setor automotivo

O incidente de 6 de março deve gerar reflexos imediatos na Toyota. Com a fábrica Fujioka sendo uma peça-chave na produção de componentes de suspensão, a montadora já avalia suspender linhas de montagem em suas plantas japonesas. Em 2023, a paralisação afetou a fabricação de cerca de 13 mil veículos por dia, e analistas preveem um cenário semelhante agora, dependendo da extensão dos danos e do tempo necessário para reparos. A Toyota, que exporta cerca de 60% de sua produção doméstica, pode enfrentar atrasos em entregas internacionais, afetando mercados como Estados Unidos e Europa.

A situação também atinge outros fabricantes japoneses que dependem da Chuo Spring, como a Nissan e a Honda, embora em menor escala. A explosão expõe fragilidades na estratégia de produção enxuta da Toyota, conhecida como “just-in-time”, que minimiza estoques e depende de entregas precisas de fornecedores. Esse modelo, embora eficiente, mostrou-se suscetível a interrupções em eventos anteriores, como o ataque cibernético a outro fornecedor em 2022 e a explosão na Aichi Steel em 2016.

Detalhes do acidente e investigação em curso

Especificar as causas da explosão será crucial para evitar novos incidentes. O coletor de pó, equipamento usado para filtrar partículas geradas durante a produção de molas, é apontado como o epicentro do acidente. A força da detonação destruiu parte do prédio, com destroços espalhados pelo terreno da fábrica. Bombeiros relataram que o funcionário falecido foi encontrado próximo ao local da explosão, enquanto os dois feridos, com queimaduras leves, foram rapidamente atendidos e encaminhados a hospitais da região.

A polícia e o corpo de bombeiros de Toyota City isolaram a área para uma investigação detalhada, que deve determinar se houve falha mecânica, erro humano ou falta de manutenção adequada. A Chuo Spring informou que está colaborando com as autoridades, mas ainda não confirmou se o coletor de pó envolvido é o mesmo de incidentes passados ou parte de uma linha diferente. Em 2023, a explosão foi atribuída a uma falha na fornalha, o que sugere que os problemas podem estar ligados a equipamentos industriais críticos.

Cronologia de incidentes na Chuo Spring

A repetição de acidentes na fábrica Fujioka segue um padrão preocupante. Veja os eventos principais:

  • Outubro de 2023: Explosão em uma fornalha de secagem interrompe a produção, afetando oito fábricas da Toyota por dez dias.
  • Março de 2025: Explosão em um coletor de pó mata um trabalhador e fere dois, com impacto ainda em avaliação.

Esses episódios destacam a necessidade de revisões nos processos de segurança da Chuo Spring, que emprega cerca de 2.500 pessoas no Japão e opera cinco plantas no país.

Medidas de segurança em xeque

Analisar os protocolos de segurança da Chuo Spring tornou-se urgente após o novo acidente. Após o incidente de 2023, a empresa anunciou melhorias em seus equipamentos e treinamentos, mas o ocorrido em março de 2025 indica que as ações podem não ter sido suficientes. Equipamentos como coletores de pó, essenciais para evitar acúmulo de partículas inflamáveis, exigem manutenção rigorosa, e falhas nesse quesito podem gerar explosões devastadoras.

A Toyota, por sua vez, deve pressionar por auditorias mais frequentes em seus fornecedores. Em 2023, a montadora conseguiu mitigar parte do impacto ao redirecionar pedidos para outros fabricantes de molas, como a NHK Spring e a Mitsubishi Steel, que juntas dominam mais de 90% do mercado japonês. Agora, com a produção novamente em risco, a empresa pode buscar diversificar ainda mais sua base de fornecedores para reduzir a dependência de um único player.

Efeitos na cadeia de suprimentos global

Impactar a produção da Toyota vai além do Japão. A montadora, que lidera o mercado global com marcas como Corolla e Prius, depende de uma cadeia de suprimentos integrada. Em 2023, o incidente na Chuo Spring atrasou a entrega de cerca de 130 mil veículos em um trimestre, afetando concessionárias em mais de 50 países. Desta vez, com a fábrica Fujioka paralisada, o efeito cascata pode atingir linhas de montagem em plantas internacionais, como as de Kentucky, nos EUA, e Burnaston, no Reino Unido.

Abaixo, alguns dados do alcance da Toyota:

  • Produção anual: 14 milhões de veículos (2023);
  • Exportações do Japão: 8,4 milhões de unidades;
  • Fábricas afetadas em 2023: 8 no Japão, com 13 linhas paradas.

Reação da indústria e próximos passos

Reagir rapidamente será essencial para a Toyota e a Chuo Spring. Após o incidente de 2023, a Chuo Spring retomou a produção em sete dias, mas a gravidade do novo acidente, com uma vítima fatal, pode prolongar a paralisação devido a investigações mais rigorosas. A Toyota já sinalizou que está avaliando o impacto em suas plantas e pode suspender operações em até sete fábricas domésticas, como fez anteriormente.

A indústria automotiva japonesa, que responde por cerca de 20% do PIB industrial do país, observa o caso com atenção. A repetição de acidentes na Chuo Spring pode levar a uma revisão mais ampla das normas de segurança em fornecedores, especialmente em um setor que movimenta bilhões de dólares anualmente e emprega milhões de trabalhadores.



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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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