Uma explosão matou pelo menos 11 pessoas e feriu outras 65 em Bukavu, Leste da República Democrática do Congo, nesta quinta-feira, quando participavam num comício do Movimento 23 de Março (M23). Liderança do grupo rebelde aponta responsabilidades ao Presidente congolês, Félix Tshisekedi.

Através da rede social X, a Presidência da República Democrática do Congo (RDC) confirmou que tinham sido registadas “várias” vítimas mortais e culpou “um exército estrangeiro ilegalmente presente em solo congolês”, referindo-se a forças militares do Ruanda, que a RDC acusa de apoiar o M23.

“Foi atirado um saco de plástico para a nossa frente… Não sabíamos o que tinha dentro. Estávamos só a olhar para ele. De repente, houve uma explosão. Caímos e fugimos”, relata uma das testemunhas do ataque, Musanga Tambwe, citada pela agência Reuters.

Corneille Nangaa, um dos líderes da Aliança Rio Congo, uma representação política de várias milícias cujo principal grupo é o Movimento 23 de Março, alegou em conferência de imprensa que as granadas utilizadas no ataque desta quinta-feira são do mesmo tipo que as usadas pelas Forças de Defesa Nacional do Burundi no Congo. À Reuters, Nangaa garantiu que tanto ele, como outros líderes do grupo rebelde estão em segurança.

O Burundi tem soldados no Leste do Congo há vários anos, inicialmente destacados para perseguir os rebeldes burundianos e, mais recentemente, para apoiar as Forças Armadas da RDC na luta contra o M23.

O porta-voz do exército do Burundi, Gaspard Baratuza, já condenou o ataque, assegurando que não há soldados burundianos em Bukavu, mas sem comentar as declarações de Corneille Nangaa sobre o tipo de granadas usadas.

Desde o início do ano que os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, têm avançado no Leste do país, tendo tomado o controlo de Bukavu, capital da província do Sul-Kivu, e de Goma, cidade mais importante do Leste da RDC e capital do Norte-Kivu. As duas províncias vizinhas são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e o fabrico de telemóveis.

Este avanço do M23 é o maior em mais de uma década, num conflito que tem as suas raízes no genocídio de 1994 no Ruanda e na luta pelos vastos recursos minerais do Congo.

Depois de, no final de Janeiro, Corneille Nangaa ter admitido a vontade de “ir até Kinshasa, tomar o poder e liderar o país“, o M23 mudou de estratégia e garantiu não estar interessado em avançar para a capital para derrubar o Presidente Félix Tshisekedi. Contudo, fala-se da possibilidade de uma desagregação da RDC, com o controlo de parte do território a ser disputado pelas tropas de Tshisekedi, os tutsis do M23 e o Ruanda.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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