O mês de junho terminou com um cenário alarmante de violência no Grande Recife, segundo dados divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado. Pelo menos 15 adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, foram alvos de disparos de arma de fogo na região metropolitana. Destes, 13 não resistiram aos ferimentos e morreram; os outros dois ficaram feridos. Trata-se do mês com o maior número de vítimas adolescentes registrado em 2025 até o momento.
O levantamento mostra uma escalada preocupante em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 13 adolescentes foram baleados — sete mortos e seis feridos. A evolução mês a mês em 2025 confirma a tendência de crescimento da violência: foram nove vítimas em janeiro, 13 em fevereiro, sete em março, 11 em abril, 11 em maio e 15 em junho.
Além da letalidade juvenil, o relatório chama atenção para o aumento expressivo dos homicídios múltiplos. Dez casos foram registrados em junho, resultando em 22 mortes. O número representa o dobro do contabilizado em junho de 2024, quando ocorreram cinco episódios com dez vítimas no total.
Outro dado que agrava ainda mais o panorama da violência é o número de pessoas atingidas por tiros dentro de suas próprias casas. Ao menos 31 pessoas foram baleadas dentro de residências durante o mês, das quais 27 morreram e quatro ficaram feridas. No mesmo mês do ano anterior, foram registradas 26 ocorrências do tipo, com 25 mortes.
A coordenadora do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco, Ana Maria Franca, avaliou os dados como um sinal do colapso das políticas de segurança pública na região. Segundo ela, o aumento de ataques contra adolescentes e a invasão da violência aos lares refletem a ausência de ações preventivas eficazes. Para Ana Maria, enquanto o foco não for a preservação da vida com estratégias coordenadas, os números positivos em alguns indicadores não representarão melhorias reais para a população.