Embora o Pico Paraná atraia milhares de visitantes, novas regras foram criadas para ordenar a visitação e preservar o ambiente de forma responsável.
Mais de meio milhão de visitantes em três anos aceleram mudanças e, portanto, forçam autoridades a criar plano emergencial para preservar trilhas e nascentes.
Um aumento sem precedentes na visitação das áreas naturais do Paraná levou à adoção de medidas inéditas e, consequentemente, transformou a forma como o turismo de montanha é praticado.
Entre 2021 e 2023, as unidades de conservação do estado receberam 545 mil visitantes, contra 192 mil três anos antes, conforme dados oficiais do Instituto Água e Terra (IAT). Assim, o crescimento de 184% deixou evidente a necessidade de mudanças urgentes.
O destaque dessa explosão de turismo é o Pico Paraná, com seus 1.877 metros, que se consolidou como o ponto mais alto do Sul do Brasil e, além disso, atraiu multidões após a pandemia.
Em junho de 2025, considerado alta temporada, mais de 3.500 pessoas subiram pelo setor Caratuva. Contudo, sensores do IAT mostraram que boa parte dos acessos sequer teve registro, o que reforça ainda mais a pressão ambiental.
Com isso, trilhas perderam solo, nascentes sofreram impactos, lixo se acumulou e até conflitos entre grupos ocorreram. Portanto, o cenário acendeu o alerta para autoridades ambientais, que decidiram agir de forma imediata.
Plano emergencial cria regras inéditas
Para ordenar o uso do parque, o IAT, com apoio do Programa Biodiversidade Litoral do Paraná (BLP), lançou o Plano de Uso Público Emergencial (PUPe) e, assim, definiu normas inéditas de visitação.
Segundo a bióloga Marina Rampim, chefe da Unidade de Conservação, o plano não tem como objetivo impedir o acesso. Pelo contrário, garante que as futuras gerações também desfrutem da experiência com qualidade e segurança.
O PUPe, implantado em 2025, representa a primeira regulamentação detalhada aplicada em uma unidade de conservação estadual no Paraná.
O que muda para trilheiros e campistas
As novas medidas mudam diretamente a rotina dos visitantes e, consequentemente, impactam os montanhistas:
- Cadastro online obrigatório e assinatura de termo de ciência de riscos, assegurando maior controle.
- Reserva de camping apenas em clareiras autorizadas, o que evita a superlotação.
- Fechamento temporário de áreas degradadas, permitindo recuperação ambiental.
- Proibição de fogueiras e barulho em áreas sensíveis, garantindo tranquilidade.
- Padronização da sinalização nas trilhas, facilitando o deslocamento seguro.
- Uso obrigatório de kits para coleta de dejetos em pernoites, reduzindo impactos.
- Identificação visível em barracas, o que facilita a fiscalização ambiental.
Essas normas reduzem impactos, controlam fluxos e, além disso, proporcionam melhor convivência entre visitantes.
Investimentos e governança ambiental
O BLP, origem do financiamento do PUPe, nasceu como compensação ambiental pelo vazamento de óleo da Petrobras em 2001. Desde então, o programa direciona R$ 110 milhões em investimentos ao longo de dez anos para a Mata Atlântica.
A gestão está sob coordenação do FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) e, além disso, conta com a participação de SPVS, UFPR e ICMBio, supervisionados pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Paraná.
Esse modelo de governança garante transparência, amplia a credibilidade e, consequentemente, fortalece a integração entre instituições.
Fiscalização e educação ambiental
Para acompanhar a execução das medidas, o parque ganhou um conselho consultivo e um programa de voluntariado voltado ao monitoramento das trilhas, o que aumenta a presença constante em campo.
A Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM), fundada em 2002 e filiada à Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada, assume papel central no processo.
A entidade promove ações educativas, capacitações e incentivo a boas práticas. Dessa forma, a consciência ambiental dos visitantes cresce e, por consequência, os impactos tendem a diminuir.
Uma nova experiência de visitação
As regras transformam a experiência de quem visita o Pico Paraná. Assim, o cadastro online organiza a entrada de visitantes, enquanto as reservas de camping reduzem a superlotação.
Ao mesmo tempo, a proibição de fogueiras diminui riscos de incêndio e, além disso, protege o solo. Já o silêncio em áreas sensíveis favorece a fauna e melhora a vivência de quem busca contato direto com a natureza.
Portanto, o conjunto de normas garante segurança, qualidade e, sobretudo, preservação ambiental.
O desafio do futuro
Embora o PUPe atue como resposta imediata, especialistas como Marina Rampim destacam que o plano também marca o primeiro passo para um modelo de gestão pública mais eficiente no longo prazo.
O desafio, entretanto, está em equilibrar o crescimento do turismo de montanha com a preservação ambiental, garantindo que o Pico Paraná mantenha sua relevância natural no Brasil.
Com regras inéditas e fiscalização ampliada, o parque busca se firmar como exemplo de conservação integrada ao montanhismo responsável e, portanto, servir de modelo para outras áreas naturais do país.
E você, que costuma buscar aventuras nas montanhas, acredita que essas medidas serão suficientes para preservar o Pico Paraná e ainda garantir a melhor experiência aos trilheiros?