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Pela primeira vez, astrônomos registraram o instante exato em que uma estrela entrou em colapso e explodiu em uma supernova, conforme relata um artigo publicado nesta quarta-feira (12) na revista Science Advances

Feita com o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, a observação inédita revelou o momento em que a explosão rompeu a superfície da estrela – uma fase que dura apenas algumas horas e nunca havia sido testemunhada.

Em poucas palavras:

  • Astrônomos registraram pela primeira vez o colapso completo de uma estrela;
  • O VLT, no Chile, captou em tempo real o início da supernova;
  • A SN 2024ggi surgiu na galáxia relativamente próxima NGC 3621;
  • A espectropolarimetria revelou a forma alongada e evolução da explosão;
  • A descoberta redefine modelos e amplia a compreensão da morte das estrelas.
A supernova SN 2024ggi na galáxia NGC 3621. Crédito: ESO/Y. Yang et al.

Corrida contra o tempo para observar a supernova

A supernova, batizada de SN 2024ggi, foi detectada na noite de 10 de abril de 2024. Yi Yang, astrônomo da Universidade Tsinghua, na China, soube do evento logo após desembarcar de um voo em São Francisco, nos EUA. Menos de 12 horas depois, ele enviou uma proposta de observação ao ESO. No dia seguinte, o telescópio já estava apontado para o fenômeno – apenas 26 horas após a detecção inicial.

O evento ocorreu na galáxia NGC 3621, localizada a cerca de 22 milhões de anos-luz da Terra, na direção da constelação da Hidra. Embora distante, é considerada uma galáxia relativamente próxima em termos astronômicos. Como a equipe agiu de um dia para o outro após a descoberta, o VLT conseguiu registrar a explosão quase em tempo real – um feito raro na astronomia.

Esta imagem, obtida pelo Very Large Telescope (VLT), do ESO, mostra a galáxia NGC 3621, que abriga a supernova SN 2024ggi. Crédito: ESO

“Durante algumas horas, conseguimos observar a forma da estrela e da explosão ao mesmo tempo”, explicou Dietrich Baade, astrônomo do ESO e coautor do estudo, em um comunicado. Entender como a matéria é expelida ajuda a compreender os processos que levam uma estrela gigante à morte. Até hoje, o mecanismo exato dessas explosões ainda é motivo de debate entre os especialistas.

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Explosão da estrela foi acompanhada em detalhes

A estrela que deu origem à SN 2024ggi era uma supergigante vermelha – um tipo de estrela enorme e luminosa no fim da vida. Ela tinha de 12 a 15 vezes a massa do Sol e um raio cerca de 500 vezes maior. Durante sua existência, o equilíbrio entre a gravidade e a pressão das reações nucleares mantinha sua forma estável. Quando o combustível nuclear acabou, o núcleo entrou em colapso, e as camadas externas caíram sobre ele, produzindo uma onda de choque que destruiu a estrela.

Quando essa onda alcançou a superfície, uma quantidade gigantesca de energia foi liberada, iluminando o espaço ao redor. Essa é a fase em que a estrela se transforma em supernova, brilhando intensamente por um curto período. Foi justamente esse momento que o VLT conseguiu registrar usando uma técnica chamada espectropolarimetria, que analisa a forma como a luz é emitida e revela detalhes invisíveis a outros métodos.

“Mesmo que a estrela pareça apenas um ponto de luz, conseguimos descobrir informações sobre o formato da explosão analisando a polarização dessa luz”, explicou Lifan Wang, professor da Universidade Texas A&M, nos EUA, e coautor do trabalho. Segundo ele, o instrumento usado, chamado FORS2, é o único no hemisfério sul capaz de fazer esse tipo de medição.

Os resultados mostraram que a explosão começou com uma forma alongada, parecida com uma azeitona. À medida que o material se expandia e colidia com o gás ao redor, essa forma se tornava mais achatada. Esse comportamento indica que muitas supernovas podem seguir um padrão semelhante de expansão e distribuição da matéria.

Essas observações ajudam os cientistas a descartar alguns modelos antigos e aprimorar as teorias sobre o que acontece dentro das estrelas no momento de sua morte. “Este resultado reformula nossa compreensão das explosões estelares e mostra o poder da colaboração internacional”, afirmou o astrônomo Ferdinando Patat, do ESO. “É uma lembrança de que curiosidade, cooperação e rapidez podem revelar mistérios profundos sobre o funcionamento do Universo.”


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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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