O ministro Alexandre Padilha em coletina no Ministério | Foto: Walterson Rosa/MS

O Ministério da Saúde confirmou neste sábado (4) 14 casos de intoxicação por ingestão de metanol no Brasil, todos registrados em São Paulo. Outros 181 casos permanecem em investigação, totalizando 195 notificações em todo o país.

As autoridades também investigam 13 mortes suspeitas relacionadas ao consumo de bebidas adulteradas: uma já confirmada em São Paulo e outras 12 em apuração, sendo sete em SP, três em Pernambuco, uma na Bahia e uma no Mato Grosso do Sul.

“O Ministério da Saúde atua em tempo real junto às secretarias estaduais e municipais, garantindo o envio dos antídotos e o suporte técnico necessário ao atendimento dos pacientes”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Governo aciona sala de situação e amplia alerta

Com a escalada de notificações, o Ministério da Saúde determinou a notificação imediata de qualquer suspeita de intoxicação por metanol às vigilâncias locais e ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs Nacional). Também foi instalada uma Sala de Situação extraordinária, na última quarta-feira (1º/10) para monitoramento contínuo e coordenação das respostas em nível federal. A estrutura segue ativa enquanto houver risco sanitário.

Na assistência, já foram distribuídas 580 ampolas de etanol farmacêutico para Bahia, Pernambuco, Paraná, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. Além disso, o governo adquiriu 12 mil novas unidades de etanol farmacêutico e 2,5 mil doses de fomepizol, considerado o antídoto padrão-ouro.

Para reforçar a capacidade de diagnóstico, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária mobilizou três laboratórios com estrutura imediata de análise: o Laboratório Central do Distrito Federal, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fiocruz. A Anvisa também lançou um chamamento internacional para compra de fomepizol, mapeou 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico e identificou sete potenciais fornecedores do antídoto.

Sintomas e tratamento exigem resposta rápida

Os sintomas iniciais podem ser confundidos com os de uma ressaca comum: dor de cabeça, tontura, náuseas e vômitos. Entre 12 e 24 horas após a ingestão, surgem sinais mais graves, como visão turva ou perda súbita da visão, dor abdominal intensa, sudorese excessiva, dificuldade respiratória e alterações neurológicas. A intoxicação pode evoluir rapidamente para cegueira, falência de órgãos e morte.

O tratamento exige administração imediata de antídotos — fomepizol ou etanol farmacêutico — para bloquear a metabolização tóxica do metanol. Casos graves precisam de internação em UTI, correção da acidose metabólica, suporte clínico e, quando necessário, hemodiálise.

Profissionais de saúde devem notificar os casos suspeitos por meio do Disque-Notifica (0800 644 6645), pelo e-mail institucional do Ministério da Saúde ou pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), selecionando o agente tóxico “metanol”.

Como a crise começou

A crise teve início em São Paulo após a circulação de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, substância usada na indústria química e de combustíveis. O composto foi adicionado ilegalmente em destilados como vodca e cachaça para reduzir custos de produção em fábricas clandestinas. A aparência semelhante ao etanol facilita o uso criminoso, mas pequenas quantidades ingeridas podem causar danos neurológicos, cegueira e morte.

As investigações apontam que as bebidas contaminadas foram comercializadas em bares, comércios locais e pontos de venda sem fiscalização. A suspeita de contaminação levou a suspensão da venda de destilados em alguns estabelecimentos e ampliou a demanda por bebidas industrializadas de grande circulação.

O atraso no surgimento dos sintomas dificultou o diagnóstico precoce e agravou os casos, contribuindo para as mortes notificadas. Com a escalada do problema, o governo federal montou uma força-tarefa para interromper a cadeia de contaminação, garantir tratamento e evitar novos episódios.

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com informações do Ministério da Saúde e agências

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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