A epifania africana do ano, bateu-me hoje, ao saber que a “majestática ZANU-PF”, fundada por “Feu Robert Mugabe”, e agora encabeçada pelo presidente (PR) do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, decidiu, sábado 18, durante a conferência anual do partido, dar instruções ao governo, para começar a preparar um esboço de revisão constitucional, que permita ao geronte PR Mnangagwa, 83, que deverá terminar o segundo mandato presidencial, em 2028, a proposta revisão, visa prolongar essa presidência até 2030! Porquê?
Porque sim, porque o partido do PR, é verdadeiramente majestático ao ocupar a maioria do parlamento, permitindo a constitucionalidade na iliberalidade, remetendo o país para a lista das Democracias, com dê maiúsculo. Um sucesso estatístico!
Mas é mais profundo que isso, porque há mais peças no puzzle. Antes de ir à Geração Z, há que descodificar o que aconteceu nos Camarões, após as presidenciais de domingo 12.
O PR Paul Biya, 92, “concorreu” a um nono “mandato”, com participação fraca, porque a oposição enfraquecida dava garantida a vitória ao marido da controversa Chantal, 54. No entanto, ninguém contava que o candidato da oposição, Issa Tchiroma Bakary, 82, tirasse o seguinte coelho da cartola. Segunda 13, assume a vitória, ainda durante a contagem, apelando ao geronte Biya, que estava na hora de assumir a derrota e passar o testemunho à geração seguinte!
Duas notas, primeiro, a escassa diferença de idades legitima o mais novo na afronta, pois trata-se de sábio contra sábio e não de um rufia sessentão! O silêncio do “eterno Biya”, espelha isso mesmo, o arrepio do fim, que deve ser gelado!
Segundo, creio que a grande conclusão/epifania, é perceber-se o início de uma revolução atómica, dentro da grande pirâmide demográfica africana, onde os átomos mais novos, chocam uns com os outros, atingindo num tetris vertical, os senadores do topo.
A afronta apresentada pelo opositor de Biya, é na verdade uma solução de classe. Vamos morrer de pé, que vêm aí “changos com duas pernas”, que correm mais que nós, que voltámos a ter quatro patas!
Estes “changos”, são as gazelas da Geração Z, que vão incendiar África e provavelmente Europa, em 2026. Trata-se, parece-me, de um movimento niilista africano, que se transformará conscientemente em nova oportunidade para um pan-africanismo que lamenta o não-existente, como uma arquitetura africana, História própria, dialectos, tudo o que viram os seus avós negligenciarem, sob o discurso da construção nacional, que continuou a obedecer ao outro e hoje foi desmascarado através da informação livre para todos os gostos!
Politólogo/Arabista
Professor do Instituto Piaget de Almada
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.