As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que aprovaram o plano para uma nova ofensiva na Faixa de Gaza. Testemunhas relataram ataques aéreos intensos sobre a Cidade de Gaza, assim como a presença de tanques israelenses e explosões nos bairros de Tal Al-Hawa e Zeitoun, onde retroescavadeiras israelenses derrubaram casas. A Defesa Civil da Faixa de Gaza e fontes médicas informaram a morte de 75 palestinos, incluindo crianças, vítimas de disparos israelenses, somente ontem.
No entanto, Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina e potencial sucessor do presidente Mahmud Abbas, afirmou ao Correio que Israel matou 98 civis palestinos, incluindo 37 que buscavam ajuda humanitária; outros 113 foram feridos a tiros perto dos centros de distribuição.
Depois de 22 meses de guerra, Israel planeja tomar o controle da Cidade de Gaza, no norte do território, e dos campos de refugiados próximos, uma das áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza. Com a ofensiva, as tropas israelenses pretendem desmantelar os últimos redutos do movimento fundamentalista islâmico Hamas, que denuncia “incursões terrestres agressivas”.
Por ordem do gabinete militar do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, as IDF, que controlam atualmente 75% do território, preparam-se para iniciar a nova fase de operações, com o objetivo de libertar todos os reféns israelenses mantidos em Gaza e “derrotar” o Hamas. O chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, “aprovou a principal estrutura do plano operacional do Exército na Faixa de Gaza”, afirma um comunicado militar, que não informou nenhuma data para a ofensiva.
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Tanques
Nas ruas da Cidade de Gaza, observavam-se famílias palestinas em fuga, com bagagens e colchões empilhados em bicicletas e carroças. “Os tanques avançam há dias (…) na parte sudeste do bairro de Zeitoun, destruindo casas. Os tanques também avançam na parte sul de Tal Al-Hawa”, contou à agência France-Presse Abu Ahmed Abbas, um homem de 46 anos que teve a casa destruída. “As explosões são maciças, há muitos bombardeios (…) Os tanques continuam lá e vi dezenas de civis fugindo”, disse Fatum, uma mulher de 51 anos que mora com o marido e a filha em uma barraca, em Tal Al-Hawa.
Eyal Zamir destacou “a importância de aumentar a disponibilidade e a preparação das tropas para o recrutamento de reservistas”, uma questão política espinhosa, visto que os ultraortodoxos negam-se a cumprir o serviço militar obrigatório. O Egito anunciou, na terça-feira, que trabalha com o Catar e os Estados Unidos para obter um cessar-fogo de 60 dias na Faixa de Gaza, onde a guerra começou em 7 de outubro de 2023, após um ataque sem precedentes do Hamas contra o território israelense.