As imagens do resgate a funcionários da fábrica Maximus, em Ramos, Zona Norte do Rio, rodaram o país. A cena angustiante mostrava eles presos ao lado de uma pequena janela enquanto eram encurralados pelo fogo e uma densa fumaça preta. Exames feitos nas vítimas mostram a gravidade das consequências do acidente: em seus pulmões, os médicos encontraram a fuligem agarrada nas vias respiratórias.

Exame mostra a quantidade de fuligem no pulmão das vítimas do incêndio em fábrica de fantasias no Rio

Exame mostra a quantidade de fuligem no pulmão das vítimas do incêndio em fábrica de fantasias no Rio

Quatro vítimas foram resgatadas e levadas ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, a maior emergência da América Latina. Ao chegarem, a equipe já estava a postos e com o protocolo de múltiplas vítimas acionado. Para isso, foram liberados leitos na emergência e convocados profissionais que atuam em outros setores e até quem estava de folga, como o coordenador do serviço de Medicina de Emergência Daniel Schubert.

— As imagens foram chocantes e logo que vimos começamos a nos organizar. Não sabíamos a quantidade de vítimas e acionamos esse protocolo. É um efeito cascata no hospital e a integração da equipe é o ponto essencial para conseguir agilizar esse atendimento — diz ele.

O emergencista explica que em casos de vítimas de incêndio há duas grandes preocupações imediatas: as lesões externas como queimaduras e traumas e a inalação da fumaça, que pode causar lesões internas. No caso dos pacientes que chegaram da fábrica, foi constatado que externamente estavam bem e se iniciou outro protocolo, o de aspiração de fumaça em incêndios em lugares confinados.

Daniel Schubert conta que entre os principais riscos nesses casos está que o paciente tenha queimaduras internas causadas pelo calor da fumaça e a intoxicação por monóxido de carbono e até cianeto. Este último, é comum em casos em que o fogo consome produtos de isopor e plástico.

— Partimos sempre então do princípio que há essas intoxicações até que se prove ao contrário. Essas intoxicações, por exemplo, causam alguns sinais neurológicos como dores de cabeça e sonolência. Então intubamos o paciente para fazer exames e saber se há lesões nas suas vias aéreas, que podem inchar pela inflamação após a lesão — explica ele.

O vídeo gravado é durante o exame de broncoscopia de uma das vítimas. Schubert conta que nesse procedimento é avaliado se as vias aéreas foram queimadas, o tamanho da lesão sendo feita a limpeza do pulmão. Uma das vítimas precisou passar pelo protocolo de desintoxicação por cianeto.

— Essa fuligem que vemos é tóxica. Jogamos soro para lavar e depois aspirar esse material da pessoa. Infelizmente é bastante comum e vimos em casos com o da boate Kiss, no Rio Grande do Sul, e do Badim — conta ele.

Três pacientes já tiveram alta e outro continua internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital. Os pacientes agora passarão por acompanhamento de sua recuperação. Um dos riscos é de infecção dessas lesões que podem levar a desenvolver uma pneumonia, por exemplo.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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