As fórmulas infantis são essenciais para o desenvolvimento saudável de muitos bebês e crianças, mas um novo estudo acende um sinal de alerta. Pesquisadores da Unicamp detectaram substâncias potencialmente perigosas nesses produtos, expondo fragilidades na regulamentação brasileira e revelando a necessidade urgente de revisão nos padrões de qualidade. Entenda os detalhes das descobertas e o que elas representam para a segurança alimentar no país.
Resíduos perigosos encontrados nas fórmulas infantis

Em duas pesquisas publicadas entre 2024 e 2025, especialistas da Unicamp analisaram 30 amostras de fórmulas comercializadas no Brasil. A investigação revelou a presença de resíduos de agrotóxicos como fenitrotiona, clorpirifós e bifentrina — ainda que abaixo dos limites da União Europeia, referência adotada na análise.
Mais preocupante foi a detecção do carbofurano, proibido no Brasil desde 2017, em 10% das amostras. A hipótese é que o contaminante tenha chegado às fórmulas por bioacumulação no meio ambiente. Além dos pesticidas, também foram encontrados traços de hormônios e medicamentos veterinários, sugerindo contaminação desde as matérias-primas, como leite bovino e caprino.
Substâncias acima dos limites seguros

Em uma segunda etapa, a análise ampliou a triagem para 278 compostos, aumentando a preocupação: seis substâncias, entre elas ftalimida, pyridaben e metamidofós, apareceram em mais de 86% das amostras.
O metamidofós, banido do mercado brasileiro desde 2012, e outros compostos estavam em concentrações superiores às permitidas pela União Europeia. Os especialistas alertam que essa contaminação pode ocorrer em várias fases da produção — da origem dos ingredientes ao contato com materiais usados nas embalagens.
Falta de regulamentação específica no Brasil
Atualmente, o Brasil não possui uma legislação própria que regule a presença de pesticidas e fármacos em fórmulas infantis. Por essa razão, os pesquisadores adotaram parâmetros internacionais como referência para avaliar os riscos.
Apesar das descobertas alarmantes, os pesquisadores ressaltam que o objetivo dos estudos é promover melhorias e padrões mais rígidos na produção de fórmulas, e não desencorajar seu uso. Segundo eles, um processamento cuidadoso e dentro das normas é capaz de garantir a segurança alimentar.
Os lotes analisados foram coletados em 2023 e já não estão no mercado. Em respeito à ética acadêmica, os nomes das marcas não foram divulgados, mas o alerta sobre a necessidade de maior controle e fiscalização permanece.
[Fonte: Metropoles]
