Recentes pesquisas científicas evidenciam preocupações quanto à segurança alimentar no consumo de frutos do mar no Brasil. Um estudo publicado pela revista Food Research International mostrou que ostras comercializadas em diferentes cidades do litoral brasileiro estão apresentando altos índices de contaminação por arsênio. Assim, esa situação acendeu um alerta para consumidores e autoridades sanitárias. O fato reforça a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso da qualidade dos alimentos marinhos comercializados no país.A

O estudo aponta que mercados de municípios como São Paulo, Santos, Peruíbe, Cananéia e Florianópolis apresentaram amostras de ostras contendo quantidades de arsênio acima dos parâmetros que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera seguros. Além disso, investigações laboratoriais identificaram a presença de bactérias multirresistentes nesses moluscos, o que agrava as preocupações para a saúde pública.

É importante ressaltar que o consumo anual de ostras e outros bivalves cresceu no Brasil nos últimos anos. Em especial, entre pessoas que buscam uma alimentação rica em nutrientes como zinco e ômega-3. Ainda assim, as áreas de produção nem sempre possuem infraestrutura adequada de tratamento de água, o que pode facilitar a entrada de contaminantes nas cadeias produtivas.

Ostras
O consumo anual de ostras e outros bivalves cresceu no Brasil nos últimos anos. Em especial, entre pessoas que buscam uma alimentação rica em nutrientes como zinco e ômega-3 – depositphotos.com / asimojet

Quais são os principais riscos do arsênio presente em ostras?

A principal palavra-chave, neste contexto, é arsênio. Este elemento químico pode se apresentar de forma natural em ambientes aquáticos. No entanto, suas concentrações aumentam significativamente quando há exposição a resíduos industriais, agrotóxicos e esgotos despejados de maneira irregular. Mesmo quando o arsênio se apresenta em formatos menos tóxicos, o contato prolongado e frequente pode facilitar sua conversão em substâncias cancerígenas dentro do organismo humano.

Dentre os riscos mais conhecidos que se associam ao consumo de ostras contaminadas por arsênio, destacam-se o comprometimento do sistema nervoso, lesões em tecidos vitais e o aumento das chances de desenvolvimento de certos tipos de câncer. Por isso, organismos internacionais de saúde classificam o arsênio como um dos metais mais perigosos quando em exposição alimentar crônica.

Além disso, estudos recentes indicam que os efeitos do arsênio não se limitam apenas ao desenvolvimento de câncer e lesões agudas. Pesquisas associam a exposição crônica a esse metal pesado a distúrbios cardiovasculares, alterações no sistema imunológico e prejuízos ao desenvolvimento infantil. Dessa forma, crianças e gestantes compõem um grupo de risco que demanda ainda mais atenção em campanhas informativas e políticas públicas de controle.

Como a poluição costeira impacta a segurança das ostras?

A poluição das áreas costeiras é um fator determinante para o aumento da presença de agentes tóxicos nas ostras. O despejo irregular de esgoto doméstico, resíduos hospitalares e industriais, bem como o uso excessivo de defensivos agrícolas, contribui diretamente para a contaminação dos habitats desses moluscos. Ostras são organismos filtradores, que absorvem do ambiente partículas em suspensão, inclusive poluentes, tornando-se um indicador biológico da qualidade da água marinha onde vivem.

  • Esgoto doméstico: Introduz microrganismos e substâncias químicas prejudiciais à saúde.
  • Resíduos industriais: São fontes de metais pesados como arsênio, chumbo e mercúrio.
  • Agrotóxicos: Quando lixiviados para o mar, contaminam a fauna local e chegam facilmente aos frutos do mar.

Consequentemente, populações que mantêm o hábito de consumir frutos do mar crus ou mal cozidos acabam expostas a esses riscos de forma mais pronunciada.

É relevante lembrar também que mudanças climáticas e aumento da temperatura das águas também podem potencializar a proliferação de certos poluentes e microrganismos patogênicos nas zonas costeiras, intensificando ainda mais a necessidade do monitoramento constante dos mares e rios que deságuam no litoral brasileiro.

Arsênio
As concentrações de arsênio aumentam significativamente quando há exposição a resíduos industriais, agrotóxicos e esgotos despejados de maneira irregular – depositphotos.com / olanstock

Que bactérias multirresistentes podem aparecer nas ostras?

A presença de bactérias como Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae representa um problema adicional. Esses microrganismos demonstram resistência a múltiplos tipos de antibióticos, dificultam o tratamento de eventuais infecções. A ingestão de alimentos contaminados pode causar quadros de gastroenterite, infecções urinárias e até mesmo infecções mais graves. Em especial, em pessoas com o sistema imunológico comprometido.

  1. Dor abdominal e diarreia são os sintomas iniciais mais comuns.
  2. Casos de infecções generalizadas são possíveis, principalmente em crianças, idosos e imunocomprometidos.
  3. A resistência bacteriana implica em maior tempo de recuperação e necessidade de antibióticos específicos.

Além dessas bactérias, pesquisas recentes têm identificado a presença de Vibrio vulnificus e Salmonella spp. em ostras de algumas regiões do país. Trata-se de agentes etiológicos conhecidos por provocar infecções graves que necessitam de intervenção médica rápida. A ingestão de ostras contaminadas por tais bactérias pode, em casos extremos, evoluir para quadros de septicemia, com alto índice de mortalidade caso o tratamento não seja iniciado prontamente.

A identificação dessas bactérias em alimentos crus reforça a importância de práticas de higiene rigorosas, além de incentivos à fiscalização contínua pela vigilância sanitária local e nacional. O monitoramento constante da cadeia produtiva, a adoção de métodos eficazes de depuração das ostras e a fiscalização do descarte correto de resíduos continuam sendo medidas fundamentais para a segurança alimentar. A transparência das informações fornecidas aos consumidores e a atualização frequente dos padrões de qualidade são elementos essenciais para minimizar riscos à saúde pública e garantir que o consumo de frutos do mar continue seguro em 2025.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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