Cardeal Pietro Parolin lamenta situação, «do ponto de vista humanitário, cada vez mais precária», e Cáritas Internacional denuncia que «a fome não é um desastre natural»
Cidade do Vaticano, 26 ago 2025 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano afirmou que “é um absurdo” a situação em Gaza, na Palestina, lamentando que parece “não haver perspetivas de solução” para este conflito, em declarações sobre um ataque israelita a um hospital.
“Estamos chocados com o que está acontecer em Gaza, apesar da condenação do mundo inteiro. Há um coro unânime de todos em condenar o que está acontecer”, disse o cardeal Pietro Parolin, aos jornalistas, esta segunda-feira, 26 de agosto, em Nápoles, informa a página na internet ‘Vatican News’.
As forças militares israelitas bombardearam o hospital Nasser de Khan Younis, cidade palestiniana no sul da Faixa de Gaza, e causaram a morta a 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas.
“É um absurdo”, acrescentou o secretário de Estado do Vaticano, lamento que parece “não haver perspetivas de solução” para esta guerra.
“A situação torna-se cada vez mais complicada e, do ponto de vista humanitário, cada vez mais precária, com todas as consequências que vemos continuamente”, acrescentou o cardeal Pietro Parolin, à margem da inauguração da 75.ª Semana Litúrgica Nacional Italiana, em Nápoles.

A Cáritas Internacional denuncia que na Faixa de Gaza “a fome não é um desastre natural, mas o resultado de uma estratégia deliberada”, e lança um apelo por um cessar-fogo imediato, porque “Gaza não espera palavras, mas salvação”.
“Em Gaza não estamos diante de uma trágica fatalidade, mas do resultado de escolhas deliberadas e calculadas. Um povo inteiro, privado de qualquer sustento, está sendo deixado morrer diante do mundo inteiro”, lê-se numa nova declaração da organização católica.
Segundo a Cáritas Internacional, o que se passa e Gaza “não é guerra, mas a “destruição sistemática de vidas civis”, e o cerco tornou-se uma máquina de extermínio, “sustentada pela impunidade e pelo silêncio, ou pela cumplicidade, das nações mais poderosas”.
As Nações Unidas alertaram que a fome em Gaza é intencional e provocada pelo bloqueio da ajuda humanitária, este sábado, 22 de agosto, e entretanto pelo menos “273 pessoas, incluindo 112 crianças, morreram de inanição”.
“A fome aqui não é um desastre natural, mas o resultado de uma estratégia deliberada: bloquear a ajuda, bombardear os comboios de alimentos, destruir as infraestruturas e negar os bens de primeira necessidade”, refere a Cáritas Internacional que “é testemunha desse horror”, citada pelo ‘Vatican News’.
“Os civis, em sua maioria crianças e mulheres, estão sendo esfaimados, bombardeados e exterminados. Governos influentes, empresas e multinacionais tornaram possível esta catástrofe por meio do apoio militar, da ajuda financeira e da cobertura diplomática. O silêncio deles não é neutralidade, é aprovação”, acrescenta a confederação católica, na declaração publicada esta segunda-feira.
O portal de notícias do Vaticano informa também que foram “mais 5 jornalistas” mortos em Gaza, esta segunda-feira, no ataque ao hospital Nasser, alguns trabalhavam para a Reuters, NBC, Al Jazeera e a Associated Press; o número de profissionais de meios de comunicação social mortos nesta guerra na Palestina é de 244, desde 7 de outubro de 2023, segundo o Hamas que controla a Faixa de Gaza, data do ataque deste grupo islâmico a território israelita.
CB/PR
![]() O secretário de Estado do Vaticano referiu-se também à guerra na Ucrânia, onde é necessário “continuar a trabalhar pela paz e pela reconciliação”, e “muita política”. “Porque existem muitas soluções em nível teórico, existem muitos caminhos que podem ser seguidos para alcançar a paz. É preciso querer colocá-los em prática”, acrescentou o cardeal italiano, salientando que “evidentemente, também são necessárias disposições do espírito”. O cardeal Pietro Parolin acrescentou que, hoje, “é preciso esperança para todo o mundo”, e lembrou que o Jubileu convocado pelo Papa Francisco, “gostaria de ser um momento de recuperação da esperança”, uma esperança contra toda esperança”. Segundo o secretário de Estado do Vaticano, na atualidade não há “muitos elementos que ajudem a ter esperança, especialmente em nível internacional”, e dá como exemplo a “dificuldade de iniciar caminhos de paz em situações de conflito”. “É preciso não resignar-se, continuar a trabalhar pela paz e pela reconciliação”, indicou, aos jornalistas na Semana Litúrgica Nacional Italiana 2025, em Nápoles. A Ucrânia comemorou o 34.º aniversário da independência do país, este domingo, 24 de agosto, (no sábado o Dia da Bandeira), e o Papa enviou uma mensagem ao presidente ucraniano, “com o coração ferido pela violência que devasta” aquele país. Leão XIV assegurou, ao presidente Volodymyr Zelensky, a sua “oração pelo povo ucraniano que sofre por causa da guerra, em particular por todos aqueles que estão feridos no corpo, por aqueles que sofreram a perda de um ente querido e por aqueles que foram privados das suas casas”. A Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, ocupa cerca de 20 por cento do território do país; Kiev recusa fazer concessões territoriais em eventuais negociações de paz e exige que sejam retomadas as fronteiras originais de 1991, quando se tornou independente na sequência do fim da União Soviética, de que fazia parte. |
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