*Texto original do Jornal do Campus da USP
Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e referência mundial em mudanças climáticas, esteve em Belém durante toda a 30ª Conferência das Partes (COP30). Quando retornou à São Paulo, foi taxativo ao Jornal do Campus: “Essa não foi a COP da virada”, ao contrário do que esperava. Artaxo é integrante do Conselho de Ciência sobre o Clima, que assessorou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da cúpula. Ele afirma que, apesar da escolha de Belém atrair atenção para a floresta amazônica, o “lugar onde a conferência se realiza é irrelevante.”
As COPs são os principais espaços de negociação para definir diretrizes sobre mitigação, adaptação e financiamento climático. Entre os dias 10 e 21 de novembro, Belém reuniu governos, cientistas e organizações civis. Sediada na Amazônia pela primeira vez, a conferência era vista como uma oportunidade estratégica para impulsionar compromissos mais claros diante do agravamento da crise climática.
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Exploração na Foz do Amazonas gera controvérsia
“Se a Petrobras quiser piorar a questão da emergência climática, a melhor maneira é abrir novas fontes de exploração de petróleo”, afirma Paulo Artaxo. O professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Estudos Avançados (IEA), contrapõe: “O Brasil é autossustentável em termos de petróleo, mas as reservas do pré-sal no litoral sudeste já entraram na descendente. Se não explorarmos novas frentes, lá para 2035 nos tornaríamos dependentes. O desastre econômico seria gigantesco.”
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