Como alterações climáticas representam um dos maiores e mais urgentes desafios globalmente do século XXI. Embora o problema seja universal, suas consequências afetam maior severidade países em desenvolvimento com baixa capacidade de resposta e previsão, como o Brasil. Diante desse cenário de crise, um adoção de políticas públicas focadas em mitigação e adaptação de comunidades e infraestruturas são fundamentais para aumentar a resiliência. É neste contexto que a Espanha se destaca.

O país europeu acumula uma série de experiências de adaptação que podem ser laboratórios de ideias valiosos para as cidades brasileiras, que enfrentam o drama de inundações recorrentes e ondas de calor cada vez mais intensas.

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Ó professor de Geografia Física e Geomática, Diego Tarley Ferreira Nascimentoda Universidade Federal de Goiás (UFG), estudou as estratégias espanholas e acordos as lições mais oportunas para a realidade nacional.

Barcelona se torna um exemplo de sobrevivência urbana

Considerada uma referência mundial em sustentabilidade, a capital catalã investiu em Soluções Baseadas na Natureza (SBN) nas últimas três décadas para enfrentar inundações, secas prolongadas e a melhoria do conforto térmico urbano. Entre as iniciativas mais notáveis ​​está a implementação dos chamados Superblocosum projeto de urbanismo que cria grandes espaços verdes, seguros e com restrição de tráfego de veículos.

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Outras ações corredores ecológicos, paredes e telhados verdes, estruturas de sombreamento sobre vias e praças, e sistemas de Drenagem Urbana Sustentável (DUS) com o uso de pavimentos permeáveis ​​para favorecer a infiltração da água da chuva.

Refúgios climáticos e alerta de inclusão

Os Refúgios Climáticos (locais como bibliotecas, museus e centros comerciais que servem de abrigo em eventos extremos) também são um ponto central da adaptação espanhola, mas representam um alerta ao modelo que poderia ser importado pelo Brasil.

Na Espanha, muitos desses espaços não são inclusivos, o que restringe o acesso ao trânsito marginalizado. No Brasil, os desafios são ainda maiores: refúgios fechados lidam com exclusão e discriminação racial e social. Já os espaços abertos (praças e parques) enfrentam a falta de infraestrutura básica, como manutenção, bancos, segurança e sombra, o que impede que cumpram o seu papel como verdadeiros oásis em tempos de calor extremo.

O caminho a seguir

O modelo espanhol, embora seja majoritariamente positivo, não é isento de falhas. Cidades com centros históricos tombados, como Madrid, possuem as chamadas “praças duras” (cimentadas em excesso), ou que barra disciplinas verdes.

Ainda assim, a experiência prova ser possível avançar em políticas climáticas europeias, com participação social e financiamento público. Para o Brasil, é imperativo incorporar práticas de baixo custo, como a drenagem urbana sustentável e refúgios climáticos verdadeiramente acessíveis. A crise é real e o planejamento de cidades resilientes é a chave para a sobrevivência das comunidades.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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