Um engenheiro paraense, de 63 anos, denuncia ter sido contaminado por metanol após consumir uma dose de uísque supostamente adulterado, comprado em um supermercado de Belém.

O caso, que ocorreu há cerca de um mês, é investigado por órgãos de defesa do consumidor e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo o engenheiro, a bebida, uma garrafa de um litro, foi comprada normalmente no supermercado. Ao chegar em casa, ele ingeriu uma dose de uísque com gelo, jantou e foi dormir. Na manhã seguinte, começou a passar mal.

Com o agravamento dos sintomas, procurou atendimento de emergência em um hospital particular da capital. Ainda na triagem, o paciente alertou a equipe médica sobre a suspeita de contaminação por metanol, mas afirma que a unidade optou por não realizar o exame específico.

Foram coletadas amostras de sangue e urina, e ele recebeu apenas medicamentos para alívio dos sintomas. Após os resultados indicarem que “não havia alterações”, o engenheiro foi liberado com orientação para repouso e hidratação.

Insatisfeito com o diagnóstico e ainda se sentindo mal, decidiu, no trajeto de volta para casa, procurar um laboratório particular para realizar o exame específico para metanol.

Setenta e duas horas depois, recebeu o resultado positivo, acompanhado da contraprova, confirmando a contaminação. Com os exames em mãos, o consumidor comunicou o supermercado sobre a suspeita de adulteração da bebida.

Inicialmente, segundo ele, o estabelecimento informou confiar plenamente no fornecedor, mas afirmou que solicitaria o rastreamento do lote.

No entanto, semanas após a denúncia, o mesmo uísque continuava à venda nas prateleiras, pelo mesmo preço, apenas com uma etiqueta indicando a procedência do produto, o que, segundo o engenheiro, ignorou a gravidade da denúncia.

O homem afirma ter reunido um dossiê completo para comprovar cada etapa do caso. Entre os documentos estão a nota fiscal da compra da bebida, o comprovante de estacionamento do supermercado, os protocolos de atendimento hospitalar, os exames realizados na unidade particular, os resultados laboratoriais detalhados e uma garrafa lacrada do mesmo lote do produto suspeito.

A CNN solicitou esclarecimentos à Unimed Belém sobre o atendimento prestado ao paciente e aguarda retorno. A Anvisa informou, que está apurando o caso.

Em nota, o Grupo Mais Barato informou que o whisky Red Label que foi adquirido em uma de suas lojas já foi retirado do estabelecimento e que todas as medidas cabíveis já foram adotadas.

A empresa afirma considerar estranho o fato de que, mesmo após 30 dias do consumo, a garrafa supostamente ingerida não tenha sido apresentada para análise técnica pelas autoridades competentes, o que seria essencial para verificar uma possível contaminação.

Ainda assim, o grupo informou que os whiskies citados foram recolhidos das prateleiras e estão à disposição dos órgãos competentes.

O supermercado também declarou ter acionado os protocolos de verificação e rastreamento junto ao fornecedor Diageo.

A Secretaria de Estado de Justiça (Seju), por meio da Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Pará), informou que apura o caso em conjunto com outros órgãos integrantes da política estadual de defesa do consumidor, diante da suspeita de intoxicação por metanol.

Já a Polícia Civil informou que a Delegacia do Consumidor (Decon) ainda não recebeu o registro formal da denúncia, mas, mesmo assim, a vítima foi intimada para prestar depoimento o mais breve possível.

Histórico de casos no Brasil

Os casos de contaminação por metanol no Brasil ganharam destaque após serem identificadas bebidas alcoólicas adulteradas com a substância, altamente tóxica e proibida para consumo humano. O metanol pode causar sintomas graves, como vômitos, dor abdominal, cegueira e até morte.

Diante do aumento de notificações, o Ministério da Saúde instaurou uma Sala de Situação para monitorar os casos, articular ações de vigilância sanitária e orientar estados e municípios.

Com a redução de novos registros, o Governo do Brasil encerrou oficialmente a Sala de Situação sobre intoxicação por metanol, mantendo, no entanto, o alerta para que consumidores evitem bebidas sem procedência reconhecida e denunciem qualquer suspeita de adulteração aos órgãos competentes.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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