O engenheiro Flávio Acatauassu, de 63 anos, que foi contaminado por metanol em Belém após consumir uma dose de uísque adulterado, deve ser ouvido pela Polícia Civil nos próximos dias. O engenheiro adquiriu uma bebida em um supermercado no bairro de Nazaré, em Belém, no mês de novembro, e precisou de atendimento médico após passar mal. Exames comprovaram a existência do metanol no organismo de Flávio Acatauassu. A PC comunicou, neste domingo (7), que apura a situação após a grande repercussão.
“A Polícia Civil informa que a Delegacia do Consumidor (Decon) não recebeu, até o momento, o registro formal da denúncia, mas, mesmo assim, intimou a vítima para prestar depoimento o mais breve possível”, declarou em nota.
O engenheiro deve repassar mais detalhes que ajudarão nas apurações sobre a possível adulteração da bebida. Flávio afirmou que está em posse de documentos, exames, protocolos de atendimento e uma garrafa lacrada do mesmo lote da bebida suspeita. Os itens fazem parte do dossiê que ele vinha reunindo desde o início da ocorrência. A confirmação de exame positivo para metanol, obtida posteriormente em laboratório particular, segue sendo um dos elementos centrais da investigação.
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Investigação
O caso ganhou repercussão após o engenheiro relatar que, no primeiro atendimento médico, realizado na Unimed Prime Belém no dia 6 de novembro, os exames iniciais não incluíram o teste específico capaz de identificar a presença de metanol no organismo. Apenas 72 horas depois, com a realização do exame direcionado, veio a confirmação da substância, acompanhada de contraprova.
O episódio motivou a mobilização de diferentes órgãos de saúde e fiscalização, além de posicionamentos de instituições envolvidas, como a rede de supermercados onde a bebida foi adquirida e a Unimed Belém.
Posicionamentos
A reportagem solicitou informações e esclarecimentos à Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), à Polícia Civil, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à Unimed Belém. O órgão informou que, segundo seu último boletim epidemiológico disponível, datado de 9 de outubro de 2025, “não existiam casos confirmados de intoxicação por metanol no estado. Não há, até o momento, um levantamento mais recente”. A Sespa garantiu, no entanto, que a vigilância permanece intensificada.
Também foram solicitadas informações para a Polícia Civil, que afirmou “não ter nenhum registro da ocorrência”.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Unimed foram procuradas pelo jornal. Em nota, a Unimed Belém afirmou que “o beneficiário esteve na urgência do Hospital Unimed Prime na data mencionada” e que as informações registradas no prontuário “estão sob análise pela Diretoria de Recursos Próprios e pelos núcleos responsáveis pela qualidade e segurança do paciente”.
A operadora declarou que o exame específico para metanol não foi solicitado porque “os testes específicos para detecção direta de metanol são solicitados apenas quando o quadro clínico se enquadra nos critérios oficiais de caso suspeito, conforme definido pela Nota Técnica nº 01/2025 – DEVS/DVS/SESPA”. Ainda segundo a Unimed, “as análises são feitas por laboratório externo definido pela própria vigilância e Ministério da Saúde destinado para investigação deste tipo de evento, que obrigatoriamente perpassa pelo Lacen ou Ciatox”.
A Unimed acrescentou que segue integralmente a Nota Técnica nº 360/2025 do Ministério da Saúde e a Nota Técnica nº 01/2025 da Sespa, e afirmou ter instaurado “apuração assistencial completa para avaliar a condução do atendimento”.
A instituição também reforçou orientações aos consumidores, como evitar bebidas de procedência desconhecida, procurar atendimento imediato diante de sintomas compatíveis e comunicar suspeitas às autoridades sanitárias, destacando ainda que, “segundo a SESPA, até 09/10/2025 não havia casos confirmados de intoxicação por metanol no Pará, embora o estado esteja em vigilância intensificada”.
O Supermercado Mais Barato, onde a bebida foi comprada, enviou um posicionamento sobre a situação.
“O Grupo Mais Barato informa aos seus clientes, parceiros e à sociedade em geral que, diante das informações divulgadas pela imprensa sobre o whisky Red Label adquirido em uma de nossas lojas, todas as medidas cabíveis já foram tomadas.
No entanto, causa-nos estranheza que, mesmo após 30 dias do consumo, a garrafa de whisky em questão não tenha sido disponibilizada para condução de análise técnica, a ser realizada pelas autoridades competentes e essencial para verificar a suposta contaminação.
Ainda assim, os whiskies citados foram recolhidos de nossas prateleiras e estão à disposição dos órgãos competentes. Além disso, acionamos os protocolos de verificação e rastreamento junto ao fornecedor DIAGEO, reconhecido como uma das maiores indústrias de bebidas do mundo e fornecedor dos principais varejistas e distribuidores no estado do Pará.
O Grupo Mais Barato permanece à disposição e colaborando para o esclarecimento completo do caso. Reafirmamos o compromisso com a transparência e a confiança de nossos consumidores”, comunicou.


