Governação leva a Maior Fatia Dos Esforçoes Esg Das Bolsas de Valores - Governaça<span class="legenda"> ESG investimento sustentável sustentabilidade </span><span class="autor">Boy Anthony / AP</span>

A integração do ESG nas empresas portuguesas de maior dimensão está a acelerar, impulsionada pelas novas exigências europeias de relatório e pela pressão crescente dos investidores e reguladores. Ainda assim, os do KPMG CEO Outlook 2025 – Perspetivas dos CEOs em Portugal revelam que a transformação dos modelos de negócio continua incompleta, com lacunas importantes na execução.


O estudo, realizado entre agosto e setembro com 1350 CEO a nível português global, incluindo 50 líderes, mostra que 77% dos líderes em Portugal dizem ter recursos adequados para cumprir as novas critérios de relatório ESG. Ao mesmo tempo, quase metade das empresas admitem estar a dar prioridade à conformidade e ao relatório, numa abordagem ainda muito orientada para a resposta regulatória e às expectativas dos investidores.

Esta leitura é confirmada ao Negócios por Pedro Q. Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG Portugal, que identifica três áreas onde subsiste “uma margem relevante de evolução” nas grandes empresas nacionais. A primeira está na base de todo o processo, a informação. “A gestão de dados continua a ser muito manual e pouco integrada, e a implementação de sistemas integrados de suporte à preparação do relatório ESG ainda é reduzida”, afirma. Segundo o consultor, muitos sistemas internos não estão preparados para instalar, validar e consolidar informação ESG, o que aumenta o esforço operacional e os custos, mas também o risco de erro no cálculo dos indicadores principais.

A segunda fragilidade é mais estrutural e estratégica, e tem a ver com a aplicação da sustentabilidade no terreno, apesar de ser reconhecida como prioridade pela gestão de topo. “Verifica-se ainda um atraso na integração das temáticas ESG na estratégia e no modelo de negócio das empresas nacionais”, sublinha Pedro Q. Cruzque aponta a prevalência de iniciativas pontuais em vez de abordagens estruturais que ligam considerações às decisões de investimento e à inovação.

O terceiro grande desafio surge fora das operações diretas das empresas. “A extensão da estratégia ESG à cadeia de valor continua a ser um desafio em Portugal”, refere o responsável da KPMG. As dificuldades são particularmente evidentes na monitorização de fornecedores, sobretudo nas PME nacionais com menor maturidade nestes materiais ou parceiros localizados fora da União Europeia. A ausência de mecanismos consistentes de rastreabilidade e de due diligence é crítica, uma vez que “uma parte relevante do impacto ambiental e social ocorre fora das operações diretas das empresas”.

Apesar destas fragilidades, o CEO Outlook 2025 revela um nível elevado de confiança dos CEO portugueses nas metas de neutralidade carbónica. Essa confiança assenta, sobretudo, na previsibilidade regulatória criada pelos compromissos europeus, no acesso crescente ao financiamento verde e na estabilidade das soluções tecnológicas disponíveis.


“O maior obstáculo é, sem dúvida, o elevado custo e a disponibilidade de soluções tecnológicas de descarbonização”especialmente em setores difíceis de descarbonizar, como transportes pesados, indústria transformadora e construção, conclui Pedro Q. Cruz.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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