O Sol entrou em sua fase mais agitada em mais de uma década — e a Terra está sentindo os efeitos. Uma mancha solar de grandes proporções, identificada como região 4114, acaba de disparar um forte clarão que causou um apagão de sinais de rádio em parte do planeta. A expectativa agora é por uma nova erupção ainda mais intensa.
O que é uma mancha solar — e por que ela pode ser perigosa?
Manchas solares são áreas temporariamente mais escuras e frias na superfície do Sol, causadas por intensa atividade magnética. Essas regiões interrompem o fluxo de gás quente do interior da estrela e geralmente aparecem com maior frequência durante o chamado “máximo solar” — o pico de um ciclo de 11 anos da atividade solar, que começou oficialmente em outubro de 2024.
Durante essa fase, o Sol libera mais erupções solares, ejeções de massa coronal (CMEs) e tempestades magnéticas. Quando essas explosões ocorrem no lado do Sol voltado para a Terra, os impactos podem ser imediatos — afetando satélites, comunicações e até redes elétricas.
A fúria da região 4114: o blecaute mais recente
A região ativa 4114 é considerada instável e perigosa. Segundo o site especializado spaceweather.com, essa mancha possui um campo magnético do tipo “classe delta”, conhecido por armazenar grande quantidade de energia explosiva. Em menos de 24 horas, ela emitiu várias erupções solares de classe M — uma escala intermediária, mas já bastante potente.
A mais intensa, registrada em 15 de junho, foi classificada como M8.46. O resultado foi um blecaute de rádio de ondas curtas na América do Norte, com perda de sinal abaixo de 20 megahertz. Isso afetou comunicações de aeronaves, embarcações e operações militares em determinadas faixas de frequência.
Flares, CMEs e o que vem pela frente
Erupções solares são classificadas em quatro categorias principais: B, C, M e X — sendo X a mais forte. Para comparação, a tempestade solar que atingiu a Terra entre os dias 10 e 12 de maio foi provocada por um flare X1.1, levemente mais poderoso que o atual M8.46.
Alguns flares são acompanhados de ejeções de massa coronal, grandes nuvens de plasma solar lançadas ao espaço que, quando atingem a Terra, podem provocar auroras polares e falhas em redes de energia. O clarão de terça-feira, no entanto, não veio com CME, sendo apenas uma poderosa rajada de energia eletromagnética.
Mas os especialistas alertam: a região 4114 ainda está voltada para a Terra — e pode lançar novos flares nos próximos dias.
E se houver outra erupção?
Segundo previsões do spaceweather.com, é provável que a mancha solar libere mais uma erupção nesta quarta-feira. Se isso ocorrer enquanto ela ainda estiver visível da Terra, os efeitos poderão se repetir ou até se intensificar.
À medida que o Sol gira, a região 4114 deve desaparecer de vista por um tempo, dando uma trégua temporária. Mas se continuar ativa, poderá retornar dentro de duas semanas, lançando novas explosões em direção ao nosso planeta.
Um lembrete do poder do Sol
Este episódio mostra como fenômenos distantes, a mais de 150 milhões de quilômetros, podem impactar diretamente nosso cotidiano. Desde comunicações até sistemas de navegação e abastecimento de energia, a atividade solar tem o potencial de alterar tudo.
Ficar atento aos alertas e entender como funcionam essas explosões pode ser essencial nos próximos meses — especialmente porque o máximo solar ainda está só começando.