Pelo menos 124 países – incluindo a China, que é o maior importador do produto no mundo – já suspenderam as importações de carne suína produzida na região de Barcelona, após o governo confirmar casos de Peste Suína Africana (PSA) no país. O surto, segundo o ministério da agricultura da Espanha, pode ter começado a partir de dois javalis, que comeram um sanduíche contaminado que estava no lixo. Os dois animais foram encontrados mortos, no Parque Collserole, distante 21 km de Barcelona.
De acordo com Oscar Ordeig, ministro da agricultura da Catalunha, as investigações nas proximidades do local levantaram a suspeita da origem da contaminação. À rádio local, Ordeig disse que ‘a opção mais provável até agora é que os dois animais encontrados mortos – e que tiveram o diagnóstico confirmado para a PSA – tenham consumido sanduíches jogados em uma lixeira no parque”. A região, segundo ele, é uma rota intensa de turismo na Europa. Na Croácia, em setembro, surto da doença obrigou o governo local a abater mais de 10 mil suínos.
No domingo (30), os governos da Catalunha e da Espanha informaram que 40 javalis capturados na região estão sendo testados e oito apresentaram sintomas clássicos da doença.
A Espanha é o principal produtor de carne suína da União Europeia e, segundo Planas, o setor movimenta 8,8 bilhões de euros por ano – em torno de R$ 55 bilhões. Segundo Planas, o surto ocorre após 31 anos sem ocorrências no país.
Surtos virais na Europa
O ministro Luis Planas, ministro da agricultura da Espanha, disse que o governo está mobilizando militares e agentes rurais para ajudar a conter o surto. Javalis e suínos de toda a região próxima à Barcelona serão capturados e testados para a Peste Suína Africana, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta suínos domésticos e javalis, sem risco para os seres humanos. Causada por um vírus DNA da família Asfarviridae, tem origem na África, onde é endêmica, e espalhou-se para várias regiões do mundo, incluindo Europa, Ásia e América Latina, segundo a Embrapa.
Em sua forma aguda, a doença causa febre alta, letargia e hemorragias. O vírus é resistente, podendo permanecer infeccioso em carne congelada, carcaças e produtos suínos por longos períodos. A principal via de transmissão é o contato direto entre suínos infectados e suscetíveis ou a ingestão de produtos contaminados. Não existe vacina ou tratamento disponível. O controle depende do diagnóstico rápido, abate sanitário, desinfecção rigorosa e medidas de biosseguridade.
Em 2018, a China foi acometida por um surto de Peste Suína Africana (PSA) e cerca de 80% do plantel suíno chinês foi sacrificado, o que provocou uma mudança significativa no comércio internacional de carne suína. Apenas nos últimos dois anos, o país conseguiu reiniciar a produção de carne suína, mas o setor ainda não alcançou os números anteriores à crise e continua sendo o país que mais importa carnes suínas.
Na semana passada, autoridades alertaram para o risco de surtos de doenças virais na Europa. A gripe aviária está presente em quase todos os países da União Europeia e na Polônia e agora, surtos de doença de Newcastle também preocupam as autoridades.
