Uma sequência de imagens em preto e branco revela a dimensão da tragédia das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024. Pessoas ilhadas sobre telhados, ruas e casas submersas, animais em luta pela sobrevivência e o trabalho dos bombeiros resgatando vítimas por helicópteros compõem o retrato do desastre.
O documentário “Rua do Pescador nº 6”, dirigido por Bárbara Paz, apresenta essa dura realidade e o longo processo de reconstrução das famílias afetadas. O filme foi exibido no domingo (27) no Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito (Cinesur), em Mato Grosso do Sul.
Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a maior enchente de sua história, impactando 478 dos 497 municípios e atingindo cerca de 2,4 milhões de pessoas. O número de vítimas fatais chegou a 184, além de centenas de feridos, desaparecidos e quase 200 mil desalojados.
Para a diretora Bárbara Paz, o filme é um documento urgente que registra a tragédia para alertar que tais desastres não se repitam. “Só em 2024, foram 150 desastres climáticos no mundo”, afirmou.
O documentário contrapõe imagens recentes às da enchente histórica de 1941, mostrando que pouco mudou em termos de vulnerabilidade. “É um ensaio sobre a tragédia, um poema visual que não precisa de legenda, pois as imagens falam por si”, explicou Bárbara.
“Cada vez mais as águas sobem e as florestas queimam. Essa é uma chamada para a urgência de ações pelo clima”, alertou a diretora, que deseja que o filme seja exibido na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém.
Sem narração, o filme opta por um silêncio que valoriza as vozes e histórias das pessoas diretamente afetadas, focando na experiência humana do desastre.
O Festival Cinesur, que vai até 2 de agosto em Bonito, MS, exibe 63 filmes de nove países sul-americanos, além de promover debates e cursos.
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