O uso de medicamentos injetáveis para perda de peso, popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras”, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, teve uma explosão de popularidade no Brasil nos últimos anos. Inicialmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2, esses fármacos demonstraram um efeito significativo na perda de peso e, por isso, passaram a ser amplamente utilizados com essa finalidade.

A endocrinologista e diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Flávia Coimbra, explica que o potencial emagrecedor desses medicamentos, observado inicialmente em pacientes diabéticos, motivou estudos específicos para o tratamento da obesidade. “Com esses estudos, realmente viram a eficácia do medicamento para o tratamento da obesidade, seja em pessoas com ou sem diabetes”, afirma.

Mas será que apenas seguir uma dieta equilibrada pode trazer os mesmos resultados que as canetas emagrecedoras?

O médico nutrólogo e do esporte Carlos Werutsky aponta que é possível, mas enfatiza que o processo é altamente individualizado. “Algumas pessoas têm a capacidade de manter uma dietoterapia hipocalórica, que não deve ser muito restritiva, aliada a uma atividade física moderada e frequente. Elas conseguem emagrecer assim, sem depender do medicamento”, esclarece.

A grande distinção desses medicamentos injetáveis está na capacidade de aumentar significativamente a saciedade. Uma pessoa em tratamento consegue sentir-se satisfeita com uma porção menor de comida.

“A pessoa que não usa esse tratamento medicamentoso precisa fazer um esforço maior na seleção de alimentos e de mais disciplina para conseguir passar o dia com uma saciedade suficiente, para não extrapolar em termos calóricos”, pontua Carlos Werutsky.

O especialista reconhece que é possível obter resultados de perda de peso com as canetas mesmo sem uma dieta ideal. “Elas agem em nível gastrointestinal, causando uma saciedade maior. Então, a pessoa não precisaria comer legumes, verduras ou frutas, por exemplo. Só com a caneta ela consegue atingir esse resultado,” explica.

No entanto, Werutsky é categórico ao ressaltar que a escolha por não seguir um plano alimentar saudável não é recomendada. Ele lembra que o tratamento medicamentoso não é vitalício, ou seja, o uso ocorre por um tempo determinado, e a manutenção do peso depende de novos hábitos.

“Não existe milagre. Esses medicamentos injetáveis são um sucesso, nunca houve um avanço tão grande em relação a medicamentos anteriores, mas as pessoas precisam entender que é uma oportunidade de conseguirem a reeducação alimentar e a manutenção de um programa de exercícios físicos regular para sempre”, reforça o nutrólogo.

A médica Flávia Coimbra concorda que os medicamentos revolucionaram o tratamento contra a obesidade e o diabetes, mas alerta para o problema do mau uso.

“Existem aqueles que começam a usar porque veem outras pessoas usando, outros compram em lugares que não são confiáveis. Já vimos apreensão desses produtos até em salões de beleza”, conta a endocrinologista.

O uso incorreto pode gerar sérios riscos à saúde, como:

  • Perda de massa muscular;
  • Déficits de vitaminas;
  • Formação de pedras na vesícula;
  • Em casos mais graves, pancreatite aguda.

Por que algumas pessoas não emagrecem?

Diversos fatores, desde questões genéticas até problemas psicológicos, podem influenciar a resposta aos medicamentos. Flávia Coimbra reforça a importância da resposta individual a qualquer tratamento medicamentoso.

“Existem pacientes que vão precisar de doses maiores ou menores. Às vezes, aquele paciente tem outra condição de saúde ou faz uso de um medicamento que possui alguma contraindicação para usar em conjunto. Por isso, é muito importante o acompanhamento médico, o profissional orienta o que é adequado para cada pessoa”, conclui.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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