A COP30, atual edição da Conferência das Partes, será sediada em Belém, capital do estado do Pará e grande metrópole do bioma amazônico. Segundo o calendário oficial da ONU, o evento deve ocorrer entre 10 e 21 de novembro, o que significa que restam três meses apenas para a sua realização. Como um evento que promove o encontro de diversas lideranças mundiais, a sua organização vem colocando diversas reformas que são verdadeiros ataques ao meio ambiente e a população em Belém.
A construção da Avenida Liberdade, que será parte da infraestrutura da COP, já destruiu uma área de 107 campos de futebol de floresta. Só essa obra afeta uma área em que vivem 250 famílias, e enquanto as famílias são desabrigadas ou têm as casas tomadas por entulho, as hospedagens chegam a 10 mil reais a diária. O trajeto da Avenida prevê mais de 13 quilômetros dentro da Floresta de Belém, e ameaça comunidades quilombolas a serem atravessadas pela rodovia, como o Quilombo do Abacatal. Relatos de moradores sobre desmatamento, remoção de nascentes e perda de áreas usadas comumente para o extrativismo. Especialistas comentam os impactos ambientais irreversíveis com o projeto. Isso porque a supressão de vegetação nativa tem provocado erosão e assoreamento de igarapés que abastecem Belém, enquanto a fragmentação de habitats ameaça a fauna local. O desastre ambiental que obras como essa causam é uma marca de sangue na história dos povos indígenas brasileiros, e onde vimos isso foi na ditadura militar, com inúmeras obras, inclusive inacabadas até hoje, que atravessaram comunidades, mataram e despojaram à beira de estradas inúmeros povos indígenas, como retrata a fotógrafa Claudia Andujar os yanomamis durante e após a ditadura.
Retratos da série “Marcados”, de 1991 a 1993
As próprias contradições internas da COP30 revelam a grande ebulição política no mundo na qual se encontra o mundo no momento durante a conferência. O próprio Governo Lula, levando a frente a realização apressada da aprovação da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, e buscou omitir o projeto de exploração capitalista à beira da COP.
A conferência é uma grande demonstração da demagogia do capitalismo verde promovido pela ONU, se encontram há muito tempo incapaz de conter o desastre capitalista sobre o meio ambiente e as populações atravessadas pelos interesses econômicos do imperialismo, como os palestinos em Gaza sendo massacrados pelo Estado sionista de Israel. Estes são apenas alguns exemplos de como a COP30, promovida pelos governos e empresas capitalistas, expõe o chamado greenwashing: um verniz ecológico para esconder um projeto de desenvolvimento subordinado ao capital internacional, ao agronegócio, as mineradoras, petrolíferas e às grandes obras que expulsam quem vive da floresta. O capitalismo destrói o planeta, não há como enfrentar as terríveis consequências dessa destruição sem enfrentar o capitalismo.
Enquanto isso, o PL da Devastação é aprovado pelo legislativo com centenas de ataques, e com poucos ventos proporcionais do Governo Lula, o que demonstra que a luta pelo fim da devastação ambiental, que assola profundamente o país do Rio Grande do Sul aos desastres em Brumadinho e Mariana, não pode depender do governo de conciliação de classes, que inclusive ataca o meio ambiente por outros flancos. A busca a manutenção da exploração capitalista da natureza, visto na realização da conferência, nos projetos de exploração de petróleo ou em outros exemplos como o maior Plano Safra da história, não significam uma oposição ao imperialismo reacionário de Trump e seu negacionismo, mas sim uma demagogia verde incapaz de superar a destruição do planeta.
A cidade de Belém mais cedo nesse ano foi palco de uma grande mobilização contra os ataques no Pará, que foi a união da comunidade indígena e dos educadores, contra o fim da educação presencial para os povos indígenas promovida por Hélder Barbalho, governador do Pará pelo MDB, da Frente Ampla. A luta que durou dois meses colocou um grande exemplo de como a organização dos trabalhadores e dos indígenas pode reverter ataques às condições de vida e trabalho, totalmente atreladas aos projetos de precarização da vida da população de Belém com as reformas da COP. É preciso que os trabalhadores unam-se com os indígenas, quilombolas e ribeirinhas e que lutem pela auto organização de uma luta que coloque na ordem do dia o fim da exploração predatória e pela decisão política e o controle da produção energética esteja nas mãos da classe trabalhadora e dos setores oprimidos, pulverizando todos os teatros da ecologia do imperialismo e dos grandes capitalistas, apoiados pelo Governo Lula.