O desmoronamento do lixão da empresa Ouro Verde, em Padre Bernado, completou 30 dias nesta sexta-feira, 18. O desastre ambiental resultou na contaminação do córrego Santa Bárbara, usado para abastecer agricultres da região. Esse período foi marcado pela demora dos proprietários do local na contenção dos danos e no esforço da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) em preencher a lacuna deixada pela empresa.

A Semad, a Prefeitura de Padre Bernado e o ICMBio monitoram a região e estabeleceram o prazo de início da retirada dos rejeitos. De acordo com a secretaria, a empresa deve iniciar o processo de limpeza do local na segunda-feira, 21.

A massa de resíduos que desmoronou foi isolada antes do ponto de contato com o córrego. Esse era um dos pressupostos necessários para o início da retirada da pilha de lixo do local. Além disso, foi iniciada a preparação da célula que vai abrigar provisoriamente o lixo retirado.

Pilha de lixo foi contida antes de chegar ao córrego | Foto: Semad

A Ouro Verde informou ter adquirido a manta de impermeabilização dessa célula. O acesso dos caminhões à grota já está pronto. Além disso, a empresa disse ter contratado uma empresa para fazer o monitoramento da qualidade da água na região. A primeira coleta estava prevista para acontecer nessa sexta, a partir das 8h30, em oito pontos. As demais serão semanais, toda sexta.

O monitoramento da água já é feita pela Semad desde o desmoronamento, embora o laboratório da pasta não tenha tecnologia para avaliar a presença de metais pesados presentes no chorume.

Relembre

O desabamento aconteceu por volta das 9h30 do dia 18 de junho. Funcionários haviam notado instabilidade na pilha nas primeiras horas da manhã, o que lhes deu tempo para tirar as máquinas e evacuar a área. Portanto, não houve feridos. Como não houve notificação oficial, a Semad só soube do fato pela imprensa por volta de 15h. O lixão já havia sido autuado oito vezes desde 2016 pelo Governo de Goiás, que tentou fechá-lo sucessivamente. O empreendimento operava apenas graças a uma liminar o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Pilha de lixo e chorume que escorreram pelo morro após desmoronamento | Foto: Semad

No dia seguinte, 19 de junho, a secretária de Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis, foi ao local e tomou medidas emergenciais: decretou mais uma vez o embargo do lixão, a apreensão de cinco máquinas que estavam lá estacionadas, solicitou apoio da Polícia Militar para garantir o cumprimento do embargo, exigiu do dono um plano de ação emergencial e instalou um gabinete de crise formado por Semad, ICMBio, prefeitura de Padre Bernardo, Bombeiros e Defesa Civil.

Nas primeiras horas, a empresa não se mexeu. Além de não cumprir com deveres básicos, como o de sinalizar a área do deslizamento, apresentou à Semad planos emergenciais inconsistentes para lidar com o desastre. O gabinete de crise decidiu que não daria mais para esperar: requereu o bloqueio de bens e preparou uma intervenção. O primeiro bloqueio, reivindicado por Semad e Procuradoria Geral do Estado (PGE), resultou na indisponibilidade de R$ 17,1 milhões. Outros dois vieram em seguida, a pedido do Ministério Público Estadual e do Federal.

Intervenção

No dia 30 de junho, Vulcanis anunciou que a Semad interviria em face da omissão dos donos do lixão. Ela abriu duas frentes de trabalho: uma em campo, para executar ações que a Ouro Verde deveria ter executado, e uma em escritório, preparando a contratação de máquinas e empresas especializadas.

A equipe de campo iniciou a construção de um acesso à grota pela margem menos íngreme e, em paralelo, começou o isolamento da pilha de 42 mil metros cúbicos de lixo e o bombeamento da água do córrego por cima da massa de resíduos, para fazer com que a contaminação cessasse. Para o bombeamento, são usadas duas motobombas que juntas têm capacidade de 200 metros cúbicos por hora.

A prefeitura visitou famílias que vivem na região e providenciou a distribuição de água por meio de caminhões-pipa e galões de 20 litros, além de cestas básicas. A Semad, por sua vez, concluiu a primeira etapa de mensuração dos danos do desastre e aplicou multa de R$ 37,5 milhões.

No dia 4 de julho, o Governo de Goiás começou a usar drones agrícolas cedidos por bombeiros para espalhar inseticida na área do lixão e reduzir a infestação de moscas, tendo em vista que os insetos são vetores de doenças.´No dia 7, o gabinete de crise se reuniu com representantes da empresa na Semad, em Goiânia, e as partes se comprometeram a assinar um TAC em que a Ouro Verde se comprometeria a realizar ações dentro de prazos pré-estabelecidos.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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