Um estudo da Universidade do Mississippi, publicado em junho na revista Glycobiology, destaca uma descoberta inovadora na luta contra o câncer. O estudo foi conduzido em laboratórios nos Estados Unidos, com a colaboração de experts da Universidade de Georgetown.
Os pesquisadores identificaram que um composto de açúcar presente nos pepinos-do-mar, especificamente o sulfato de condroitina fucosilado encontrado na espécie Holothuria floridana, pode inibir a enzima Sulf-2, crucial para a evolução de tumores.
A investigação aponta que o composto do pepino-do-mar bloqueia a Sulf-2, uma enzima responsável por modificar glicanos — estruturas de carboidratos que revestem células humanas. Essas modificações, em células cancerígenas, facilitam o crescimento do tumor. A capacidade inibitória do composto marinho revela um potencial significativo no desaceleramento do avanço do câncer.
Benefícios do sulfato de condroitina fucosilado
O sulfato de condroitina fucosilado não impacta a coagulação sanguínea, ao contrário de muitos medicamentos atuais que regulam a Sulf-2 e podem causar efeitos colaterais sérios, como sangramentos.
Pesquisas demonstram que o composto extraído dos pepinos-do-mar é seguro, fornecendo uma alternativa viável e mais limpa quando comparado aos fármacos derivados de animais terrestres, que possuem riscos de contaminação viral.
Além disso, a origem marítima do composto oferece vantagens sobre a extração de medicamentos de porcos, frequentemente associada à contaminação por patógenos. Esta característica torna a fonte marinha mais segura e potencialmente benéfica no desenvolvimento de novos tratamentos.
Escassez, síntese e próximos passos no combate ao câncer
A escassez natural de pepinos-do-mar nos oceanos representa um desafio significativo para a produção em larga escala. Atualmente, a exploração sustentável desses invertebrados não é viável em grande escala devido à sua baixa abundância. Portanto, a pesquisa foca na síntese laboratorial do composto.
Ao criar uma rota química em laboratório, os cientistas esperam replicar o composto em maior escala, o que permitirá testes pré-clínicos e avanços rumo a ensaios clínicos.
O desenvolvimento bem-sucedido de uma síntese laboratorial permitirá avanços nos testes em modelos animais, um passo crucial antes de considerar aplicações em humanos. Com o estudo em andamento, a expectativa é de que novas descobertas surjam, consolidando o papel dos compostos marinhos na oncologia.
O potencial dos pepinos-do-mar pode representar um avanço significativo na medicina, fornecendo alternativas mais seguras e eficazes para o tratamento do câncer nos próximos anos.