Desastre no Voo US57 (Flight 666, 2018) é aquele tipo de filme que você já imagina o tom só pelo título — e ele entrega exatamente isso: uma viagem turbulenta, literalmente, com direito a fantasmas, vermes no jantar e mensagens sinistras escritas na janela do avião. Dirigido por Rob Pallatina e produzido pela Asylum, o longa se encaixa naquele nicho de terror B que não tenta ser mais do que é, mas também não cai no desleixo.
A Asylum é conhecida por sua estratégia peculiar no mercado cinematográfico: ela produz filmes de baixo orçamento que imitam lançamentos de grandes estúdios, lançando essas versões paralelas no mesmo período para surfar na onda da publicidade e da curiosidade do público. Esse tipo de produção é chamado por eles de “mockbuster” — uma espécie de cópia oportunista, muitas vezes com títulos e premissas semelhantes aos originais.
Além disso, o estúdio tem uma queda por filmes absurdos, especialmente envolvendo tubarões assassinos e desastres naturais exagerados, que já viraram uma marca registrada. No entanto, “Desastre no Voo US57” foge um pouco desse padrão. Ele não parece ter sido feito para imitar nenhum blockbuster específico, tampouco tem relação com o famoso álbum do Iron Maiden que leva o mesmo nome do título original. É como se, nesse caso, a Asylum tivesse decidido experimentar algo diferente — ainda dentro do terror, mas com uma pegada mais contida e atmosférica.
O enredo gira em torno de um voo noturno que, além de enfrentar uma tempestade, começa a ser palco de eventos sobrenaturais. Um passageiro vê figuras fantasmagóricas nas asas, outros encontram aparições nos banheiros, e há até uma mulher morta em vestido vermelho desfilando pelo corredor. Tudo isso vai se acumulando até que os personagens percebem que o avião está, de fato, assombrado.
O filme não se apressa em explicar o que está acontecendo, o que até funciona a favor da atmosfera de mistério. Quando finalmente revela a origem dos fenômenos, opta por uma explicação de “retribuição sobrenatural” que, dentro da proposta, é coerente. E embora o roteiro não seja exatamente inovador, ele se sustenta com uma direção competente e atuações que não comprometem. Ninguém ali está tentando ganhar um Oscar, mas também não há atuações desastrosas.
No fim das contas, é um filme que sabe onde está pisando: não promete mais do que pode entregar, e dentro do universo de terror em voos malditos, consegue ser divertido e até um pouco inventivo. Não é memorável, mas também não é descartável. É aquele tipo de filme que você assiste sabendo que vai ser uma viagem estranha — e aceita o embarque mesmo assim.
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