DESASTRE DIPLOMÁTICO

Em menos de duas semanas, João Lourenço soma a uma escandalosa vergonha internacional uma estrondosa derrota diplomática. No primeiro caso, Angola impediu e criou entraves à entrada de figuras proeminentes da política africana e mundial que foram convidadas para uma conferência em Benguela. Algumas dessas figuras, até prova em contrário, de idoneidade e autoridade moral irrefutáveis. Até hoje não houve, entretanto, um único comentário racional que explicasse tamanha borrada. E o Governo prefere manter-se num silêncio incompreensível que alastra ainda mais a nódoa. Nem uma única palavra, descurando inclusive a coincidência de João Lourenço ser neste momento o Presidente da União Africana.  

No segundo momento, o Presidente viu fugir-lhe pelas pontas dos dedos o papel de moderador central da crise militar entre a República Democrática do Congo e o Ruanda. Os contornos desta ocorrência foram, no mínimo, surreais. O Governo ficou dois dias a dizer de forma intensa que as delegações do Congo Democrático e do M23 estavam a caminho de Luanda. O M23 fez questão de desfazer os comunicados de Luanda pelo menos um dia antes da data anunciada, mas o Governo insistia com todas as letras que todos estavam a caminho. Que chegariam exactamente no dia em que os rebeldes se demarcaram de qualquer conversa mediada por Angola. Qual não foi o espanto, no tal dia esperado, Felix Tshisekedi e Paul Kagame apareceram frente a frente em Doha, intermediados pelo Emir do Qatar! Desarmado e exposto ao ridículo em toda a linha, o Governo teve de engolir em seco e escudar-se nas razões de força maior para explicar o não acontecimento. Quanto embaraço!  

Nenhum destes casos se explica, entretanto, por azar ou por coisa alguma próxima. Foi por teimosia, prepotência e despreparo. Basta olhar para os factos com olhos de ver que tudo se encaixa.

Impedir a entrada no país de políticos vindos de vários cantos do mundo para prejudicar a Unita é tão primário que nem cabe numa história de ficção. Submetê-los a maus-tratos, como os próprios re-lataram, privados até de água para beber não lembra sequer ao diabo. O tiro teria de sair necessariamente pela culatra. 

O mesmo pode dizer-se praticamente em relação ao fiasco da me-diação do conflito Ruanda/RDC. O fracasso diplomático consumou-se essencialmente por tei-mosia e despreparo. 

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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