A mancha de poluição que ocorreu no rio Tejo na segunda-feira, ainda que causada por um poluente relativamente fácil de remover, pode afectar organismos como bivalves, sendo importante a monitorização constante. A mancha de poluição no rio Tejo foi causada por um derrame de 400 litros de combustível marítimo, levando a autarquia de Oeiras a interditar as praias da Torre, Santo Amaro e Paço de Arcos.

A especialista em poluição da água e ecotoxicologia Marta Martins, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, explica à Lusa que seria muito pior se o derrame fosse de crude (petróleo em bruto) – para o óleo combustível (fuel oil), as medidas de retenção são mais eficazes, sendo um produto mais fácil de remover e cujos efeitos, dependendo da composição, poderão desaparecer mais rapidamente.

Este tipo de contaminantes, com hidrocarbonetos, enxofre, azoto e eventualmente metais, fica mais à superfície da água, podendo também passar para a atmosfera ou dissolver-se, explica a investigadora, alertando para uma possível contaminação, nomeadamente de bivalves.

Marta Martins, que é também coordenadora do mestrado em Recursos Vivos Marinhos, dá o exemplo dos mexilhões ou amêijoas: em caso de assimilação pelos bivalves, o produto pode ter um efeito tóxico, ao nível reprodutivo, renal ou hepático, em caso de consumo por parte de pessoas. “Importa estabelecer um plano de monitorização para verificar se os recursos aquáticos ficaram livres da poluição mesmo depois de tudo controlado”, alerta a docente.

Marta Martins considera ainda importante a interdição das praias, para evitar contacto directo com o contaminante, seja por absorção pela pele ou por inalação, o que pode provocar irritação na pele ou nos olhos, tosse, dores de cabeça, náuseas ou tonturas.

Dependendo do tipo de substância derramada e das medidas para a conter, disse, a interdição pode demorar dias ou semanas, já que mesmo os compostos mais simples “demoram algum tempo até se degradarem no ambiente”, alerta a docente. A especialista sublinha que há muitos factores em causa, desde a temperatura ou as correntes, reafirmando a importância da monitorização da qualidade da água e dos organismos aquáticos.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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