Com a chegada de dias mais quentes, mesmo em setembro, há cuidados que não devem ser esquecidos. Um deles parece inofensivo mas pode transformar-se numa verdadeira armadilha: deixar certos objetos dentro do carro ao sol. O risco vai muito além de desconforto ou cheiros desagradáveis. Em alguns casos, pode mesmo levar a explosões inesperadas que causam prejuízos sérios.
O carro como forno improvisado
Num veículo fechado, a temperatura interior sobe de forma rápida e perigosa. Em dias de 30 ºC, bastam 10 minutos para o habitáculo ultrapassar os 45 ºC. Em meia hora, o termómetro pode chegar facilmente aos 60 ºC, e ao fim de uma hora atingir os 70 ºC. Segundo estudos citados em relatórios de segurança rodoviária pelo site de tecnologia Leak, estas condições extremas não só danificam componentes do carro como representam risco direto para objetos esquecidos no interior.
Objetos que não deve deixar no carro
Entre os mais perigosos, explica a mesma fonte, estão as garrafas de água de plástico. À primeira vista inofensivas, podem libertar químicos como BPA ou ftalatos quando expostas ao calor, além de se deformarem até rebentar. Em certos casos, a garrafa pode atuar como lupa, concentrando os raios solares e provocando pequenos focos de incêndio.
Os sprays em lata, como os desodorizantes, perfumes ou ambientadores, são ainda mais críticos. Como são recipientes pressurizados, a pressão interna aumenta com a temperatura, podendo levar ao rebentamento. Há relatos de casos em que a explosão partiu plásticos do interior do carro.
Powerbanks e baterias externas também não toleram calor extremo. O lítio pode inchar, vazar ou incendiar-se. Imagens partilhadas em fóruns de tecnologia mostram explosões de dispositivos esquecidos em veículos expostos ao sol.
Os isqueiros são outro clássico. Pequenos e discretos, podem rebentar violentamente quando o carro atinge temperaturas superiores a 50 ºC, chegando a provocar incêndios dentro do habitáculo.
Outros riscos menos óbvios
Medicamentos e cosméticos também sofrem alterações com o calor. Cremes e maquilhagem podem rebentar embalagens e perder eficácia, enquanto medicamentos expostos a altas temperaturas podem sofrer alterações químicas que comprometem a segurança.
Aerossois de limpeza ou ambientadores, muitas vezes guardados no porta-bagagens, apresentam igualmente risco de explosão, libertando químicos nocivos no interior do veículo.
A história que serve de alerta
Um caso relatado pelo Leak envolveu um condutor que deixou uma lata de spray limpa-vidros no porta-bagagens. Ao regressar, encontrou o vidro traseiro estilhaçado e o carro impregnado de cheiro químico. Não houve vandalismo: o recipiente explodiu sozinho com o calor acumulado. O arranjo ultrapassou os 200 euros, um custo elevado para algo que parecia inofensivo.
Como prevenir
Levar sempre consigo garrafas de água, baterias externas, sprays e isqueiros é a regra de ouro. Caso seja inevitável deixar objetos sensíveis, colocá-los debaixo do banco pode reduzir a exposição direta, embora não elimine o risco.
Outra recomendação é o uso de protetores de para-brisas, que reduzem até 10 ºC no interior. Estacionar à sombra e retirar medicamentos ou cosméticos antes de viajar são medidas simples que podem evitar problemas maiores.
O alerta do Leak é claro: pequenos descuidos podem transformar-se em acidentes caros e perigosos. O calor acumulado no interior de um carro é suficiente para alterar, deformar ou mesmo fazer explodir objetos banais. Evitar este hábito é a forma mais eficaz de proteger não só o veículo, mas também a saúde.
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