Demorou. Demorou muito. A Defensoria Pública levou dois anos para constatar o que todo mundo já sabia: que o uso de explosivos contra a mineração ilegal pela PF e IBAMA causa danos ao meio ambiente, com “impactos sociais, ambientais e humanitários graves.”
A Defensoria ingressou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça pedindo a suspensão imediata desse tipo de estratégia que, segundo a entidade, “provoca consequências desproporcionais: crianças e idosos traumatizados pelos estrondos, famílias desabrigadas após terem suas casas-balsas destruídas, perda de documentos pessoais, além da mortandade de peixes e contaminação das águas, afetando a principal fonte de alimentação e renda das comunidades”.
Tudo o que já havíamos alertado neste espaço, mas a ação da PF e do Ibama produziam manchetes e todos – imprensa e governo – fingiam não ver a poluição, a degradação ambiental e os riscos de contaminação dos rios por mercúrio.
Quer dizer, IBAMA e PF tentando eliminar uma doença social espalharam o vírus da fome, da mortandade de peixes e contribuíram para desequilíbrios ambientais graves.
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O Ibama, que deveria mitigar essas ações desde o início era o mandante. O Ipaam nada fez. O MP apoiava, a Funai incentivava e o governo se omitia.
A somatória de omissão e hostilidade produziu caos, impactou a vida das pessoas, agrediu o meio ambiente.
No buraco da omissão da qual resistem em sair, estão o MP, Ibama e Funai, numa afronta às leis e direitos que deveriam proteger .