Cotidiano
Pesquisa realizada identificou a presença de poluentes emergentes, substâncias resultantes de atividades humanas
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Pesquisadores da Universidade Regional de Blumenau (FURB) revelaram um estudo alarmante sobre a contaminação da água no litoral catarinense. A pesquisa, realizada no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade da FURB, identificou a presença de poluentes emergentes, substâncias resultantes de atividades humanas cujas liberações ainda não possuem regulamentação específica, afetando diretamente os ecossistemas costeiros da região.
O estudo, coordenado pelo Doutor Eduardo Alves de Almeida, docente da FURB e especialista em Bioquímica, identificou diversos compostos, incluindo anti-inflamatórios, cafeína, hormônios, pesticidas e derivados de petróleo, em nove pontos da costa de Santa Catarina. As cidades impactadas foram São Francisco do Sul, Itajaí, Florianópolis e Laguna. Além da FURB, a pesquisa contou com a colaboração da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), sendo financiada pela FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina).
Substâncias perigosas na água do litoral catarinense
Durante as coletas realizadas em locais estratégicos, os pesquisadores encontraram uma variedade de contaminantes. Entre os compostos identificados, destacam-se substâncias como pesticidas banidos há décadas no Brasil, além de compostos que indicam a persistência desses produtos no meio ambiente, mesmo sem estarem sendo usados atualmente.
As amostras foram retiradas em nove pontos de coleta, sendo dois em Laguna, quatro em Florianópolis (dois na Baía Sul e dois na Baía Norte), um em Itajaí e dois em São Francisco do Sul. Durante a pesquisa, foram coletados sedimentos, água e ostras de espécies nativas, conhecidas popularmente como “ostras do mangue”. A contaminação foi detectada em todos os pontos analisados.
Impacto nas ostras e nos ecossistemas locais
Além da análise da água e sedimentos, os pesquisadores também estudaram as ostras coletadas, avaliando suas alterações fisiológicas e metabólicas. A presença de poluentes nas ostras foi um indicador claro da contaminação da água nos ambientes naturais, mostrando que os organismos marinhos estão absorvendo os mesmos poluentes encontrados nos sedimentos e na água da região.
O Futuro do litoral de SC:
Os resultados do estudo, que foram publicados nos periódicos Marine Environmental Research e Science of Total Environment, reforçam a necessidade de políticas públicas mais rigorosas em relação ao controle e monitoramento de poluentes emergentes no Brasil. A presença de compostos como pesticidas e cafeína, muitas vezes originados de produtos de consumo diário, revela os impactos invisíveis das atividades humanas na biodiversidade marinha.