A recente taxação americana sobre produtos brasileiros não apenas acendeu um debate econômico, mas também revelou uma faceta preocupante do patriotismo em certa parcela da população brasileira. Com indignação, muitos acompanham essa novela que é uma chantagem descabida, mas o que mais causa ojeriza é a reação dos “patriotas” bolsonaristas que aplaudem a situação. Essa postura, que poderia ser apenas uma questão de opinião política, se transforma em um verdadeiro vira-latismo que desfigura o conceito de amor à pátria.
O termo “vira-lata”, frequentemente utilizado para descrever subserviência, encontra eco em uma antiga campanha publicitária da Sadia, que apresentava um franguinho chamado Lek Trek. A ideia era mostrar a facilidade de preparar um frango, uma metáfora que, de maneira irônica, se aplica àqueles que, como o frango na propaganda, parecem aceitar passivamente o seu destino, mesmo que isso signifique a autossabotagem de seu próprio país. O franguinho, tão entusiasmado em ensinar a preparar seu próprio fim, reflete a atitude de muitos que se sentem realizados ao ver um presidente estrangeiro prejudicar sua nação.
Esse comportamento é alarmante. Ao torcer para que o Brasil sofra consequências devido a decisões de um líder estrangeiro, esses “patriotas” esquecem que suas próprias famílias, seus filhos e sua nação estão no centro do problema. A intelectualidade, que caminha em direção oposta ao bolsonarismo, observa com preocupação essa adoração ao desastre. O que deveria ser uma crítica construtiva à política externa se transforma em uma celebração do infortúnio nacional.
A história do Brasil está repleta de personagens que traíram sua pátria, como Silvério dos Reis, Domingos Calabar e Judas Iscariotes. É triste ver que as ações de bolsonaristas podem fazer esses traidores históricos corarem de vergonha. O patriotismo deve ser um sentimento de amor e respeito pela nação, e não uma adesão cega a ideias que a prejudicam.