Com 70 casos de sífilis congênita em bebês recém-nascidos desde janeiro, o Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH) está em alerta para os riscos da doença. “Poderia ser erradicada, mas está voltando em grande número”, salienta a pediatra Maiana Zonatto, que trabalha na casa de saúde hamburgense. Os números são referentes ao período entre os dias 1º de janeiro e 21 de julho.
A sífilis congênita é uma infecção transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez. A transmissão ocorre quando o tratamento não é realizado ou feito de maneira inadequada. Outra situação é a possibilidade de reinfecção, na ocasião do parceiro não se tratar.
Foto: Juliano Piasentin/ GES-Especial
“Há uma barreira e preconceito em relação à contaminação do parceiro. É importante que se detectada, o tratamento seja iniciado imediatamente”, afirma Maiana. A doença pode levar a complicação graves para o bebê, incluindo aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação fetal, surdez, cegueira ou até a morte.
A bactéria costuma ser silenciosa, em muitos casos as mulheres descobrem a infecção apenas durante a gestação. “É o primeiro teste do pré-natal. Por isso é fundamental aderir ao acompanhamento desde o início da gravidez”, reitera a médica.
O teste precisa ser ofertado para todas as gestantes, pelo menos no 1ª e 3ª trimestre de gestação ou em situações de exposições de risco.
Teste rápido
Conforme o explicado por Maiana, o teste é feito já no início do pré-natal. No entanto, caso a gestante não tenha feito o processo corretamente, a testagem é aplicada no hospital. “Se positivar, o tratamento é iniciado imediatamente.” O mesmo é feito com o parceiro.
“Não importa o tipo de sífilis, a gestante precisa fazer o tratamento completo.” A medicação é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “São três doses do medicamento, com duas injeções por vez.”
Foto: Juliano Piasentin/ GES-Especial
A pediatra também abordou a questão da testagem positiva mesmo que a doença não esteja ativa. “Se a gestante já teve a bactéria em algum momento da vida, o teste será positivo. É como se ficasse com uma cicatriz.”
Nestes casos, outro exame é solicitado, desta vez de sangue. “Ainda assim o tratamento é recomendado, não podemos arriscar que a doença se desenvolva no bebê.”
Tratamento da mãe e do bebê
Durante a gestação os médicos continuam acompanhando a evolução da doença e a eficácia do tratamento no pré-natal. “Desta vez sempre com exames de sangue.”
O teste para sífilis também é aplicado no recém-nascido. “Assim que nasce, o bebê passa por diversos exames, entre eles o da sífilis.”
Se a bactéria for detectada, a criança pode ser encaminhada para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal. “O tratamento consiste no uso de penicilina por 10 dias. Na sequência a criança segue sendo acompanhada pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE)”, explica Maiana.
O protocolo utilizado é o recomendado pelo Ministério da Saúde. A pediatra reitera a necessidade de prevenção, já que a sífilis é uma doença sexualmente transmissível. “Também precisamos reforçar que há risco de outras infecções no ambiente hospitalar”, completa.